Um grupo de motociclistas armados atacou, espancou, roubou e despiu, na quinta-feira, vários estudantes opositores no interior da Universidade Central da Venezuela, causando pelo menos sete feridos.
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O ataque aconteceu numa altura em que a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) impedia centenas de estudantes de realizarem uma marcha até à estatal Petróleos de Venezuela SA (sede da vice-presidência para a Aérea Económica) em protesto contra a escassez de produtos, apesar de o protesto ter sido autorizado.
Fontes contactadas pela agência Lusa indicaram que o grupo de atacantes, composto por «motociclistas armados e encapuzados» e por alguns elementos «com roupas do Partido Socialista Unido da Venezuela», também roubaram quatro fotógrafos de vários jornais venezuelanos, ameaçaram uma equipa do canal privado Televen e uma jornalista de uma estação mexicana.
O presidente da Federação de Centros Universitários, Juan Requesens, a reitora da Universidade Central da Venezuela (UCV), Cecília Arocha, e o presidente da Associação de Professores Universitários, Víctor Márquez, afirmaram, numa conferência de imprensa conjunta, que o ataque ocorreu «de forma impune à vista das autoridades», as quais «foram incapazes de deter os violentos [indivíduos], os que possuem armas e os grupos paramilitares», informando ainda do «desaparecimento de um estudante».
A Venezuela é palco, há quase dois meses, de protestos diários, em várias regiões, os quais resultaram em 39 mortos.
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Na noite passada, oficiais da GNB reprimiram com recurso a bombas de gás lacrimogéneo uma manifestação de residentes de Terrazas del Ávila e de Petare (bairro pobre do leste de Caracas), causando pelo menos dois feridos.
Na quinta-feira, na capital venezuelana, dezenas de viaturas circularam com urnas pretas de cartão em cima e cruzes brancas nos vidros e portas, em protesto contra a elevada insegurança e o assassínio de cidadãos registado desde o início dos protestos.
Na Praça de Altamira, epicentro das manifestações, a GNB deteve vários cidadãos que pretendiam erguer uma barricada formada por escombros e terra, enquanto, pelo quarto dia consecutivo, residentes em El Cafetal conseguiram montar uma barricada que afetou também a circulação de autocarros.
Na cidade de Mérida manifestantes atacaram com 'cocktails molotov' uma estação de autocarros, sendo que em Valência a polícia teve de recorrer a canhões de água e bombas de gás lacrimogéneo para dispersar uma concentração.
Em San Cristóbal os manifestantes levantaram cartazes contra o que dizem ser uma militarização da cidade e várias viaturas particulares foram estacionadas no meio das ruas para impedir a circulação.