O exército cercou a maior favela do Brasil, enquanto dois grupos de traficantes - o do já preso Nem e o do foragido Rogério 157 - lutam pelo poder.
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A guerra na Rocinha, maior favela do Rio de Janeiro e do Brasil, continua intensa após uma semana: o balanço provisório é de seis mortos e quatro feridos.
Sete mil crianças sem aulas, postos de saúde e transportes a meio gás, parte dos 70 mil habitantes da região sem energia, toque de recolher obrigatório imposto pelos traficantes e duas fações do crime desavindas. Tudo isto provoca tiroteios diários, enquanto 950 soldados do exército e as polícias federal e estadual cercam o local e vão apreendendo metralhadoras e outras armas.
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Na origem do conflito está o vazio de poder na Rocinha, após a prisão de Antônio Lopes, conhecido como Nem, preso numa cadeia de segurança máxima em Porto Velho, na Rondônia. Mesmo a quase 4000 quilómetros do Rio, no entanto, Nem deu ordem para se iniciarem os ataques para retirar do comando da favela Rogério Silva, conhecido como Rogério 157.
157, que era o guarda-costas pessoal de Nem, protagonizou uma espécie de golpe de estado ao expulsar da Rocinha Danúbia Rangel, a mulher de Nem e considerada primeira-dama da favela, e ao executar, em Agosto, Ítalo Campos, conhecido como Perninha, o número dois de Nem. Passou a controlar o tráfico de cocaína e a impor taxas por serviços básicos à comunidade, como distribuição de gás e circulação de moto-táxis.
Da prisão, Nem mandou então traficantes aliados derrubarem 157, que resiste, junto com o seu gangue, nas esquinas da Rocinha e no meio da mata vizinha da favela, enquanto o exército busca os criminosos com helicópteros.
O ministro da defesa do governo de Temer já pediu a constituição de uma força especial para combater a escalada do conflito.