Guerra comercial. Montenegro defende "diálogo" com Washington face a ameaça de novas tarifas dos EUA
Luís Montenegro defende que a cooperação é essencial para o crescimento económico dos dois blocos
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O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, sublinhou, esta segunda-feira, a importância do “diálogo” entre Washington e Bruxelas, face às ameaças da nova administração norte-americana, liderada por Donald Trump, para o aumento de tarifas sobre produtos europeus.
À margem do encontro informal de chefes de Estado ou de Governo, no Palácio Egmont, em Bruxelas, Montenegro alertou que "o aumento das tarifas que a administração americana vem anunciando não favorece a própria economia dos Estados Unidos".
Montenegro destacou a necessidade de a Europa abordar esta questão através do diálogo, enfatizando que os Estados Unidos são "um parceiro comercial, um parceiro político de primeira linha da União Europeia". O chefe do Governo considera que as trocas comerciais não devem ser "marcadas por uma excessiva carga tarifária", alertando que tal cenário não seria "auspicioso para a consolidação de ciclos de crescimento económico que sejam duradouros".
As declarações de Luís Montenegro surgem no contexto da tensão comerciais, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado a imposição de tarifas de 25% sobre importações do Canadá, México e China, e ameaçado estender medidas semelhantes à União Europeia.
O primeiro-ministro português reforçou que "o diálogo político deve ser a chave para podermos ter condições económicas [e] para ter boas taxas de crescimento, quer nos Estados Unidos, quer na Europa".
Montenegro alertou ainda que o aumento das tarifas sobre produtos que contribuem para a formação do preço das indústrias americanas poderá resultar num aumento de preços, recordando que, durante a primeira administração Trump, as tarifas impostas a produtos chineses culminaram num aumento dos preços das produções americanas.
Bruxelas já reagiu às ameaças de novas tarifas por parte dos EUA, avisando que a imposição de mais tarifas terá consequências "nocivas para todas as partes" e garantindo que retaliará "com força", caso os EUA avancem com o aumento das taxas aduaneiras.
O primeiro-ministro português reconheceu ainda que a Europa enfrenta desafios económicos significativos, referindo-se à situação das “duas maiores economias da zona euro”. "Os dois principais motores económicos da Europa estão, por assim dizer, engripados”, pois, “quer a Alemanha, quer a França enfrentam desafios políticos e financeiros muito significativos", alertou.
Apesar destas dificuldades, Montenegro defendeu que a União Europeia continua a ser um bloco comercial competitivo e que deve procurar um equilíbrio entre regras justas e pragmatismo económico. "A Europa precisa de uns Estados Unidos fortes e os Estados Unidos também precisam de uma Europa forte", frisou ainda.