Os generais angolanos que acusaram de difamação o ativista Rafael Marques chegaram a acordo com o jornalista e retiraram a queixa. O julgamento à volta do livro "Diamantes de Sangue" não vai continuar.
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Os generais acusavam o jornalista de difamação por causa de alegadas violações dos direitos humanos ocorridas na exploração diamantes em Angola, mas as partes chegaram a um entendimento em tribunal.
O anúncio foi feito pelo próprio Rafael Marques, que acrescentou que o acordo alcançado prevê a "não republicação" do livro "Diamantes de Sangue", que esteve na génese deste processo, assumindo o jornalista e ativista angolano, após acordo com os generais visados, que vai continuar a monitorizar o cumprimento dos Direitos Humanos nas áreas de produção diamantífera.
"Qualquer solução que sirva o interesse público é sempre uma boa solução, e neste caso serve o interesse público. Não há, quer da minha parte quer da parte dos generais, intenção nenhuma de continuar com este caso, de modo que é uma solução satisfatória, quer para mim, quer para os generais, quer para o Estado angolano", disse, questionado pela Lusa, Rafael Marques, à saída da sessão de hoje do julgamento, no Tribunal Provincial de Luanda.
"O livro não será mais reeditado, é um ato voluntário da minha parte, para facilitar o diálogo e para facilitar novas consultas, porque também já passaram quatro anos desde a sua publicação. Vamos continuar a monitorar a situação dos direitos humanos e espero que não haja necessidade de um novo livro", explicou Rafael Marques.
Enquanto autor dos livros e das denúncias nele contidas, Rafael Marques voltou hoje a prestar "explicações" em julgamento, que decorre à porta fechada, nomeadamente sobre a forma como contactou as empresas diamantíferas visadas pelas acusações de abusos, não tendo obtido respostas para utilizar na publicação.
Esta explicação era tida como essencial para demonstrar que não existiu intenção de difamar os visados, explicou a defesa.
Apesar do acordo há um ponto em que há versões contraditórias. No final da sessão de hoje, um dos advogados de acusação disse que Rafael Marques fez uma declaração, registada em ata, assumindo que o livro foi feito sem ter abordado previamente todos os ofendidos. Esta declaração foi o suficiente para haver entendimento, mas a defesa sublinha que não foi bem isso que foi dito. O autor sustenta que formalizou pedidos de esclarecimentos junto das empresas visadas, mas nunca obteve resposta.