"Há ainda populações completamente isoladas." O relato dos efeitos das cheias em Timor
O jornalista Pedro Brinca compreende preocupações do governo do país.
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O ministro das Finanças de Timor-Leste coloca como prioridades do governo na resposta aos efeitos das cheias que assolaram o país o apoio às populações mais afetadas e a recuperação das ligações entre Díli e os outros municípios do país. Rui Gomes sublinha que mais de 90% do PIB tem origem na capital e que muitas das estradas estão agora cortadas, dificultando a mobilidade de pessoas e bens.
São preocupações que, para o jornalista Pedro Brinca, fazem sentido. O português vive em Timor-Leste e adianta que ainda não encontrou uma forma de chegar à população que está isolada, apesar de já existirem algumas passagens alternativas às estradas que ficaram destruídas.
"Há informação de que pelo país há ainda populações completamente isoladas, até de alguma dimensão, cujas estradas desapareceram por completo. É preciso perceber que Timor é quase todo composto por montanhas, são muito íngremes, estas chuvadas fortes provocaram grandes desabamentos e houve estradas que desapareceram. Portanto, há população isolada e não se sabe ainda como é que se poderá chegar a essa população", explicou à TSF Pedro Brinca.
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O jornalista diz que as consequências das inundações fizeram esquecer temporariamente o problema da pandemia, uma vez que o governo timorense decidiu levantar as medidas de confinamento obrigatório para a população conseguir fazer face aos estragos provocados pelas cheias. Pedro Brinca relata ainda que o número de vítimas ainda é elevado.
"Há, evidentemente, muitas vítimas das inundações, há milhares de pessoas a viver em centros de acolhimento e uma quantidade também grande de gente mobilizada para dar apoio voluntário a essas pessoas. Como, por exemplo, cozinhar grandes quantidades de comida, transportar para os centros de acolhimento, recolher fundos de todas as formas possíveis para comprar outros bens também de primeira necessidade para esses refugiados. No entanto, com o levantamento do confinamento obrigatório, as pessoas voltaram aos seus serviços e as lojas voltaram a abrir no meio desta confusão", acrescentou o jornalista português.
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Timor-Leste declarou, na passada quinta-feira, situação de calamidade devido às cheias, tendo formalmente aprovado a solicitação de apoio à comunidade internacional.
Mais de 6,2 milhões de dólares (5,2 milhões de euros) já foram mobilizados em apoios de vários parceiros internacionais para a resposta de emergência de Timor-Leste depois das cheias do início do mês, anunciaram esta terça-feira as Nações Unidas.
O balanço, a que se somam apoios do setor privado e de doações privadas, tanto dentro como fora do país, foi feito por Roy Trivedy, coordenador residente das Nações Unidas em Timor-Leste, num encontro do Governo com a comunidade internacional.
Segundo explicou Trivedy, o valor já mobilizado inclui cerca de 5,3 milhões de dólares (4,45 milhões euros) de apoio anunciado pelo Governo australiano - parte do qual chega a Díli já na quarta-feira, bem como contribuições iniciais de países como Estados Unidos, China, Nova Zelândia e Japão.