A rainha Isabel II tem agora menos uma nação sob o seu reinado. A ilha caribenha de Barbados é uma República. A cerimónia contou com a presença do príncipe Carlos e da cantora Rihanna, natural da ilha.
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Sandra Mason é a primeira presidente da república de Barbados. A cerimónia começou na capital Bridgetown às zero horas de dia 30 e simbolizou a retirada de Isabel II enquanto chefe de Estado.
Durante a cerimónia e como símbolo da mudança de regime, o estandarte real do Reino Unido foi retirado e Sandra Mason, até agora governadora-geral, prestou juramento como primeira Presidente da nação das Caraíbas.
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"Eu, Sandra Prunella Mason, juro ser fiel e mostrar verdadeira lealdade a Barbados de acordo com a lei, com a ajuda de Deus", declarou a nova Presidente, eleita por sufrágio direto em outubro, ao fazer o juramento.
No discurso de tomada de posse, a nova chefe de um estado republicano recorda o simbolismo do momento: "Eu nasci e cresci no tempo do colonialismo e fui testemunha da independência de Barbados. Eu faço parte da geração que faz a ponte entre o passado colonial e a nação independente para o futuro da nova república."
O príncipe Carlos, que marcou presença em representação da mãe e agora ex-monarca de Barbados, falou de um "novo começo" na vida da antiga colónia britânica e reafirmou os laços de amizade que continuarão a unir os dois países. No discurso, o príncipe herdeiro da coroa britânica reconheceu ainda o passado atroz da ilha marcado pela escravatura: "Emancipação, autonomia e independência foram as vossas medidas de peso. Liberdade, justiça e autodeterminação têm sido a vossa direção. A vossa longa viagem trouxe-vos a este momento, não como destino mas como um ponto de viragem para um novo horizonte".
Houve ainda lugar para duas condecorações a iniciar a ordem de trabalhos da nova presidente. Ao herdeiro da coroa britânica foi atribuída a Ordem da Liberdade de Barbados enquanto Rihanna foi condecorada com o título de "Herói Nacional".
Apesar da suspensão temporária do confinamento imposto por causa do Coronavírus, para permitir que a população aproveitasse as comemorações, o evento não foi aberto ao público.
Desde que foi anunciado, em setembro de 2020, por Sandra Mason, o processo de transição foi ainda alvo de críticas por parte da população, o que demonstra algum desânimo perante o acontecimento. De acordo com a agência Lusa, Ian Trotman, fabricante de tecidos em Barbados, afirmou:
"Não estou muito animado com Barbados se tornando uma república, simplesmente porque as pessoas, na verdade, não sabem que nos estamos a tornar uma república".
A celebração da república de Barbados é um acontecimento histórico não só por oficializar um novo sistema político independente para a nação, mas também por ser o primeiro país em 30 anos a abandonar o império britânico.
Ao fim de quase 400 anos sob controlo britânico, Barbados passa a ser independente. No entanto, mantém-se membro da Commonwealth.
Barbados, com 280 mil habitantes, independente desde 1966, não é a primeira ex-colónia britânica nas Caraíbas a tornar-se uma república, seguindo os exemplos da Guiana (1970), de Trindade e Tobago (1976) e da República Dominicana (1978).