Há quatro anos o Mundo era "surpreendido" pelo ISIS. Foi o início de uma era negra
Jornalista Nuno Tiago Pinto analisa a atual situação do Estado Islâmico, quatro anos após a criação do grupo terrorista.
Corpo do artigo
Esta sexta-feira, dia 29 de junho de 2018, faz quatro anos que o Daesh se anunciou ao mundo. Na altura, o mundo foi "surpreendido" por um vídeo intitulado "A destruição das fronteiras", em que membros do ISIS destruíam um posto fronteiriço entre o Iraque e a Síria. Era o início de uma época negra.
  TSF\audio\2018\06\noticias\28\nunotiagopinto
    
A marca deixada pelo movimento terrorista islâmico não carece de lembrança, nomeadamente em relação aos milhares de pessoas que perderam a vida na guerra provocada pela criação de um califado e pelos muitos atos terroristas reivindicados pela organização.
A propósito do tema, o editor de internacional da TSF, Ricardo Alexandre, entrevistou o jornalista Nuno Tiago Pinto, da revista Sábado. O autor do livro "Os Combatentes Portugueses do Estado Islâmico" acredita que "ninguém sabe responder com exatidão como é que as coisas estão [no ISIS]".
O jornalista especialista em questões de terrorismo, nomeadamente do Estado Islâmico, recordou a forma como o grupo terrorista, na altura, "atraiu uma enorme massa de pessoas de todo o mundo e outros que trocaram de grupo terrorista" para a construção de um estado.
Durante a entrevista, Nuno Tiago Pinto referiu que, apesar da perda de base territorial, o grupo continua a "ter ações", até porque nos canais de comunicação e divulgação de propaganda continuam a ser divulgadas diariamente "operações militares".
No que toca aos portugueses a combater no Estado Islâmico, "uns terão morrido e outros continuam ativos naquela zona e aparecem ocasionalmente nas redes sociais ou em algum tipo de ações". "Há notícias contraditórias em relação a alguns estarem vivos ou não, mas em geral acredita-se que nenhum deles pretenda voltar à Europa, o que era uma das grandes preocupações", realça, tendo em conta o "receio do regresso em massa de milhares de pessoas treinadas e armadas, com capacidades militares adquiridas no terreno".
Mas houve centenas que regressaram à Europa e "é impossível vigiar toda a gente 24 horas por dia", desde os que voltaram do Estado Islâmico até aos que nunca partiram e que foram muitas vezes responsáveis pelos atentados no território do Velho Continente.
"Isto é um problema muito complicado. As estratégias de desradicalização que muitas delas não têm funcionado e que não têm tido resultados muito famosos. E a outra estratégia é pior, que é a detenção pura, simples e discriminada. O que acaba por acontecer é que estas pessoas são presas e acabam por sair piores do que entraram e no entretanto tiveram contacto com uma série de pessoas nas prisões a quem passaram as suas ideias", alertou o jornalista no momento em que se comemora o negro aniversário do Estado Islâmico.