"Há risco para todos." Situação na fronteira da Venezuela é "preocupante", diz Rangel
O eurodeputado português está em território colombiano, junto à fronteira, numa missão internacional, com o objetivo de "pressionar o regime de Nicolás Maduro" e participar na entrega de ajuda humanitária, que arranca este sábado, em paralelo com um concerto de solidariedade.
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Paulo Rangel afirma que a situação de segurança na fronteira da Colômbia com a Venezuela é "preocupante". O português lidera o grupo de missão do Partido Popular Europeu (PPE) no Parlamento Europeu que vai participar em ações de ajuda humanitária na fronteira, para pressionar o regime de Maduro.
"A situação de segurança é realmente preocupante", disse Paulo Rangel, em declarações à TSF.
"A presença de forças militares é muito visível (...). Há riscos de segurança para todos. E eu penso que, para os protagonistas, os riscos são, com certeza, muito maiores", acrescentou.
A missão, que começou esta quinta-feira, prolonga-se até domingo. Os eurodeputados dirigiram-se para a cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, depois de uma delegação, que tinha sido convidada pela Assembleia Nacional a visitar a Venezuela, ter sido impedida de entrar no país e obrigada a apanhar um voo de regresso a Madrid, no último domingo.
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Este sábado, Paulo Rangel vai estar na ponte internacional Simón Bolívar, a principal via terrestre que liga a Colômbia à Venezuela - por onde passam diariamente dezenas de milhares de venezuelanos à procura bens de primeira necessidade -, onde decorrerá uma missão de ajuda humanitária.
"Já há uma coluna de camiões preparada. Todo o trabalho logístico é feito apenas por cidadãos venezuelanos voluntários (...). Justamente para não haver o argumento da entrada de cidadãos estrangeiros [na Venezuela]", adiantou Paulo Rangel à TSF.
O eurodeputado português relata que, em Cúcuta, há já "muita gente a viver nas ruas - com um aumento grande da prostituição e da criminalidade -, porque os refugiados que vão chegando [da Venezuela] não têm onde viver".
Paulo Rangel afirma que, apesar de tudo, mais de 500 mil venezuelanos na Colômbia estão já a trabalhar e que 50% das crianças estão registadas em escolas
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Além da participação na distribuição de ajuda humanitária, os deputados do PPE vão também encontrar-se com vários chefes de Estado, como o Presidente da Colômbia, o Presidente do Chile e o Presidente do Paraguai, e com deputados da Assembleia Nacional Venezuelana, embaixadores, organismos internacionais, a Igreja Católica, a Cruz Vermelha e diversas ONG.
A iniciativa vai acontecer paralelamente ao concerto de solidariedade "Venezuela Aid Live", organizado por Richard Branson, dono da Virgin, e que espera "arrecadar 100 milhões de dólares" para alimentos e medicamentos. O concerto irá contar com atuações de mais de 30 artistas, entre os quais nomes bem populares como Alejandro Sanz, Juanes e Luis Fonsi.
Richard Branson afirmou que foi o próprio autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que lhe pediu para organizar o evento.
"Ele [Guaidó] virá até ao outro lado da ponte com talvez um milhão de apoiantes, e suspeito que ambos iremos entregar flores aos militares e às pessoas que vigiam a ponte, para ver se elas são persuadidas a fazer aquilo que têm de entender que é a coisa certa", disse o magnata da Virgin.
Simultaneamente, o regime de Nicolás Maduro planeia pôr de pé um concerto rival, do outro lado da fronteira.
Cerca de 3,4 milhões de pessoas já deixaram a Venezuela desde o início da atual crise. No último ano, cerca de 5.000 venezuelanos a saíram, por dia, do país, de acordo com as Nações Unidas.