Ivan Syniepalov diz à TSF que conseguiu sair de Mariupol, mas está em contacto permanente com os amigos que vão agora abandonando a cidade e lhe descrevem o dia a dia dos habitantes.
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Ivan Syniepalov diz que há uma palavra comum no relato de todos os que saem da cidade: inferno. Os amigos dizem que o que se vive ali é inimaginável. Mariupol está cercada há várias semanas e apesar de as pessoas já não terem água, comida, eletricidade ou comunicações, a ajuda humanitária ainda não conseguiu lá chegar.
Das infraestruturas, 80% estão destruídas e 40% não tem qualquer hipótese de recuperação. Os bombardeamentos são constantes, mas os ucranianos continuam a resistir. Ivan Syniepalov diz que os russos querem destruir Mariupol para poderem ter um corredor terrestre entre a Crimeia e a Rússia e também porque a cidade se transformou num símbolo da resistência à invasão.
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Ouvido pela TSF, o habitante de Mariupol diz que os amigos lhe dizem que não há corredores humanitários para a retirada dos civis. "Já houve umas quatro tentativas para um acordo, mas sempre que algo fica combinado os russos atacam a estrada por onde os civis deviam partir. As pessoas estão a optar por sair com os carros particulares, mas é perigoso. Não é uma saída organizada", explica Ivan, que adianta que as pessoas estão a fugir para Berdyansk e daí já há autocarros para Zaporizhya.
Os arredores de Mariupol estão totalmente cercados pelos russos, que instalaram inúmeros postos de controlo. Nesses postos todas as pessoas são identificadas e revistadas. Os homens são obrigados a despir-se e são revistados nus. Ivan diz que os russos procuram tatuagens que possam identificar os homens como militares ou paramilitares.
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O jovem garante que os amigos lhe contaram das deportações. Os russos estão a abrir nos arredores de Mariupol campos para onde enviam os habitantes das áreas que já controlam. Alguns são escolhidos e enviados para zonas remotas da Rússia sem qualquer identificação, quanto aos outros ninguém sabe o que lhes aconteceu.
Ivan conseguiu sair de Mariupol, mas já quis voltar, não conseguiu por causa do bloqueio russo. Hoje ele agradece porque, confessa, não sabe se conseguiria sobreviver.