"Preparámo-nos bem para esta guerra e para enfrentar todos os cenários, mesmo o cenário de uma longa guerra", afirma um membro do grupo Hamas, Ali Barakeh.
Corpo do artigo
Um responsável do Hamas garantiu que apenas um pequeno número de comandantes sabia da operação contra Israel, esperando que Irão e o movimento xiita libanês Hezbollah se juntem à batalha, caso Gaza seja "sujeita a uma guerra de aniquilação".
Ali Barakeh, membro da direção do Hamas no exílio em Beirute, falava na segunda-feira à agência de notícias Associated Press (AP), enquanto Israel bombardeava Gaza e prometia um bloqueio total ao território governado pelo movimento de resistência islâmica palestiniano.
O ataque de sábado apanhou completamente desprevenido os serviços militares e de informação de Israel, quando centenas de homens armados do Hamas entraram por buracos abertos na vedação da fronteira e se lançaram em várias cidades, onde mataram centenas de soldados e civis e capturaram reféns.
Barakeh disse que o ataque foi planeado por cerca de meia dúzia de comandantes de topo do Hamas em Gaza e que mesmo os aliados mais próximos do grupo não foram informados antecipadamente sobre o momento do ataque.
"Apenas um punhado de comandantes do Hamas sabia da hora zero", garantiu.
O responsável reconheceu que o Irão e o movimento xiita libanês Hezbollah ajudaram o Hamas no passado, mas desde a guerra de Gaza de 2014, o Hamas produz foguetes e treina combatentes, acrescentou.
Barakeh também negou que o ataque, a ser planeado há mais de um ano, tenha como objetivo destruir os esforços dos EUA para convencer a Arábia Saudita a normalizar os laços com Israel.
Em vez disso, disse que o ataque foi motivado por uma série de medidas tomadas pelo governo de extrema-direita de Israel no ano passado, indicando esperar que a operação, apelidada de "Operação Tempestade de Al-Aqsa", fosse impedida ou limitada por Israel.
"Fomos surpreendidos por este grande colapso. Planeávamos obter alguns ganhos e fazer reféns para trocar [por presos]. Este exército era um tigre de papel", salientou.
A afirmação de que o Hamas planeou apenas uma pequena operação é desmentida pelo facto de se estimar que cerca de mil combatentes participaram na incursão, por terra, mar e ar.
Israel declarou guerra total e prometeu castigar o Hamas como nunca antes, e a mobilização de 300 mil reservas israelitas aumentou a perspetiva de uma invasão terrestre ou mesmo de uma reocupação de Gaza. O exército israelita afirma que já matou centenas de militantes e bombardeou numerosos alvos do Hamas.
Barakeh disse que o Hamas até agora só empregou um pequeno número das próprias forças: cerca de dois mil combatentes do Hamas participaram nos últimos combates, de um exército de 40 mil só em Gaza.
"Preparámo-nos bem para esta guerra e para enfrentar todos os cenários, mesmo o cenário de uma longa guerra", acrescentou. "Vamos acabar com a vida da entidade sionista se a agressão não parar em Gaza".
Em resposta ao ataque surpresa do Hamas, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como "Espadas de Ferro".
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas.