O Hospital Nasser, em Khan Younis (sul de Gaza), para onde os corpos estão a ser levados, apenas conseguiu identificar sete pessoas devido ao seu grave estado de deterioração
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O Ministério da Saúde palestiniano anunciou este sábado ter recebido 15 cadáveres que estavam detidos em Israel, no âmbito do acordo de cessar-fogo em Gaza, sublinhando que os corpos mostram sinais de “abusos e espancamentos”.
“O Ministério da Saúde [de Gaza] anuncia a receção de 15 corpos de mártires libertados hoje pela ocupação israelita e pela Cruz Vermelha, elevando o número total de corpos recebidos para 135”, informou o Governo palestiniano, controlado pelo grupo islamita Hamas, em comunicado.
Tal como nos casos anteriores, o ministério avisou que alguns corpos apresentam sinais de “abuso, espancamento e estavam algemados e com os olhos vendados”.
O Hospital Nasser, em Khan Younis (sul de Gaza), para onde os corpos estão a ser levados, apenas conseguiu identificar sete pessoas devido ao seu grave estado de deterioração.
Um dos médicos do hospital enviou à agência de notícias espanhola Efe fotografias de um dos corpos recebidos, que, segundo aquele meio de comunicação social, mostravam um rosto deformado com a cabeça ainda enfaixada com a ligadura que alegadamente lhe cobria os olhos.
As mãos continuavam algemadas atrás das costas e eram visíveis inúmeras marcas e ferimentos nos braços.
A deterioração dos corpos é tal que o Hospital Nasser teve de organizar reuniões com as famílias dos desaparecidos, onde são mostradas imagens dos corpos, para que alguns deles os possam identificar e contribuir para a sua identificação.
A devolução de prisioneiros e reféns vivos e mortos de um lado e do outro faz parte do acordo de cessar-fogo assinado, há duas semanas, entre Israel e o Hamas.
O acordo, negociado por proposta do Presidente norte-americano, Donald Trump, determinava que por cada refém devolvido, Israel entregaria os restos mortais de 15 residentes de Gaza mortos.
O Hamas entregou os corpos de 10 reféns, faltando ainda 18.
O acordo incluiu também a suspensão da ofensiva militar israelita em Gaza, lançada em retaliação pelos ataques do Hamas em solo israelita de 7 de outubro de 2023.
Em dois anos de guerra, foram contabilizados mais de 68 mil mortos e 170 mil feridos, embora se tema que o número seja superior, uma vez que continuam a ser encontrados corpos em zonas de onde as tropas israelitas se retiraram nos últimos dias.