Benoît Hamon classificou a vitória na primeira volta das primárias socialistas em França como "uma clara mensagem de renovação", enquanto Manuel Valls diz que "nada está escrito".
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Antigo ministro da Educação, Benoît Hamon, de 49 anos, pertencente à ala mais à esquerda do Partido Socialista francês, classificou-se em primeiro lugar, segundo resultados provisórios, ultrapassando Manuel Valls, de 54 anos, representante da ala mais à direita.
Benoît Hamon saudou a oportunidade de disputar com Manuel Valls a segunda volta. "Colocando-me na liderança, enviaram-me uma clara mensagem de esperança e renovação", disse aos apoiantes, reunidos na sede de campanha em Paris.
Hamon, que obteve 36,12% dos votos, ultrapassou o ex-chefe do executivo Manuel Valls, que recolheu 31,24%, apelou para o fim da "velha política" e apresentou como prioridade "mudar o modelo de desenvolvimento" impulsionando a ecologia.
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Hamon conseguiu colocar no centro do debate medidas como a atribuição de um salário universal de 750 euros a todos os franceses maiores de idade, a legalização da marijuana, a redução das penas de prisão e a aplicação de um imposto aos robots, que seduziram novos votantes, sobretudo jovens.
O antigo primeiro-ministro também já comentou o seu segundo lugar no escrutínio de hoje, afirmando-se satisfeito com o resultado obtido e sublinhando que "nada está escrito".
"Uma nova campanha começa a partir desta noite. Apresenta-se-nos, a nós e a vós, uma escolha muito clara: a escolha entre o fracasso garantido e a possível vitória, entre promessas irrealizáveis e uma esquerda credível que assume as responsabilidades do país", sustentou.
Valls, ex-número dois do atual Presidente, François Hollande, argumentou que a esquerda que ele representa tem hipóteses de vencer as eleições presidenciais de abril e maio próximos e disse ser "um lutador" que aposta numa esquerda "forte e credível".
Numa crítica direta à proposta mais emblemática de Hamon - a atribuição de um salário mensal de 750 euros a todos os cidadãos franceses -, Manuel Valls disse não acreditar numa medida "com custos exorbitantes", que implicaria "aumentar de forma maciça os impostos e os défices".
"Recuso-me a abandonar os franceses à sua sorte, a promessas impossíveis de cumprir", prosseguiu, acrescentando ainda que não quer também deixar os franceses sozinhos perante a extrema-direita de Marine Le Pen ou a direita "dura e liberal como nunca" do conservador François Fillon, perante os Estados Unidos do Presidente Donald Trump e a Rússia de Vladimir Putin.
O vencedor destas primárias, que será encontrado na segunda volta, em 29 de janeiro, não tem garantias de conseguir chegar à segunda volta das presidenciais, estando a campanha a ser dominada pela direita (François Fillon) e pela extrema-direita (Marine Le Pen).
No final de uma campanha marcada por três debates televisivos em oito dias, o escrutínio mobilizou entre 1,5 e dois milhões de eleitores que tinham de escolher um de sete candidatos. Estes números contrastam com os mais de quatro milhões de pessoas que se deslocaram às urnas para as primárias da direita, em novembro passado.