Documentos históricos sugerem que Hans Asperger, o pediatra que deu nome a um tipo de autismo, participou ativamente no programa de limpeza racial do regime nazi.
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Os documentos descobertos pelo historiador austríaco Herwig Czech sugerem que Hans Asperger enviava crianças deficientes para uma clínica de eutanásia. Num editorial publicado na revista Molecular Autism, um grupo de investigadores de Cambridge acusa o pediatra de ter, de forma voluntária, feito parte da engrenagem da máquina de matar nazi.
A ideia sempre foi rejeitada em vida por Asperger. O pediatra dizia orgulhar-se de ter protegido os doentes do regime nazi e, pouco antes da sua morte, aos 74 anos, o pediatra afirmou que tinha sido perseguido pela polícia nazi, a GESTAPO, por se recusar a entregar crianças.
Agora os registos de alguns pacientes parecem mostrar outra outra realidade e, segundo o investigador da Universidade Médica de Viena, Asperger terá recomendado o envio de várias crianças deficientes para uma clínica da capital austríaca, onde se executava o programa de eutanásia nazi.
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Entre 1940 e 1945, perto de 800 crianças terão morrido nas instalações da clínica em causa, a grande maioria por não preencherem os requisitos definidos pelo conceito de "higiene racial", concebido pelo regime do Terceiro Reich.
As recentes revelações estão a motivar um profundo debate. Em declarações à BBC, a Sociedade Nacional de Autismo do Reino Unido reconhece a importância da discussão, mas destaca a necessidade de proteger as pessoas com Asperger: Ninguém que tenha sido diagnosticado com síndrome de Asperger deve sentir-se afetado por esta história tão perturbadora".