A empresa holandesa argumenta não ter abandonado mais cedo a Rússia para assegurar o "sustento futuro" dos seus quase 1800 empregados que iriam sofrer as consequências da paragem repentina das atividades de Heineken.
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A Heineken anunciou esta sexta-feira que vai retirar-se do mercado russo, depois de ter vendido as suas ações ao grupo Arnest, o maior fabricante de perfumes e cosméticos na Rússia.
"A Heineken SA vendeu todos os seus negócios na Rússia ao grupo Arnest. A venda segue-se à obtenção das autorizações necessárias e completa o processo iniciado pela Heineken em março de 2022 para se retirar da Rússia, incorrendo numa perda total acumulada esperada de 300 milhões de euros", informa a empresa holandesa em comunicado, citado pela AFP.
Em 19 de abril, a Heineken formalizou o pedido às autoridades russas para vender o seu negócio na Federação Russa, sem detalhar informações sobre o comprador ou as condições do negócio.
Depois do início da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, a empresa prometeu sair do mercado russo e terminar com a sua presença naquele país.
Em março, a Heineken sentiu-se obrigada a pedir "desculpas" depois da polémica gerada em torno da sua filial russa, que lançou novos produtos no último ano, apesar da invasão na Ucrânia, e assegurou que mantinha a sua "promessa de sair da Rússia" após fechar o acordo com um novo proprietário "na primeira metade de 2023".
A plataforma de investigação jornalística Follow the Money (FTM) denunciou em fevereiro que Heineken continuava a investir na Federação Russa, onde aumentou mesmo o negócio, depois da saída de marcas como Budweiser e Carlsberg, e lançou mesmo 61 produtos novos ao longo de 2022, apesar das suas promessas de sair do país por causa da invasão na Ucrânia.
É verdade que retirou a marca Heineken do mercado russo, mas substituiu-a por novos produtos, como os da marca Amstel. A FTM também denunciou que a cervejeira introduziu bebidas não alcoólicas no mercado russo depois da saída da Coca Cola e Pepsi.
A Heineken justificou que não saiu diretamente da Rússia, como fizeram outras empresas, para assegurar o "sustento futuro" dos seus quase 1800 empregados na Rússia, que iriam sofrer as consequências de uma suspensão ou paragem repentina das atividades de Heineken.
A Heineken estava na Federação Russa há 20 anos e este mercado representava 2% das suas vendas totais.