Outro cidadão usou a certidão de nascimento e usufruiu do dinheiro até morrer, em 2016. Entretanto, Jorge Teófilo de Oliveira apanha lixo para sobreviver
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Cansado de uma vida de trabalho árduo, Jorge Teófilo de Oliveira, 71 anos, morador da Estrutural, região nos arredores da capital federal Brasília, anda há oito anos a pedir para a Segurança Social do Brasil lhe conceder os benefícios a que tem direito. Porém, nessas andanças burocráticas, a dada altura descobriu que está morto, desde 2016.
Segundo Jorge Teófilo, um religioso da cidade natal dele, no interior de Goiás, no intuito de ajudar um morador em situação vulnerável e que não tinha documentos a ter a reforma, utilizou os dados da sua certidão de nascimento.
Esse morador, entretanto, faleceu e a certidão de óbito foi passada em nome de Jorge Teófilo.
De então para cá, Jorge Teófilo percorre tanto na capital Brasília, onde mora, como na cidadezinha, de onde vem, um processo kafkiano, de cartório para balcão de atendimento, de repartição para secção, de departamento para divisão, de subdivisão para setor, de serviço para circunscrição a tentar provar aquilo que se vê o olho nu: que não está morto.
Teve até de emitir, aos 71, uma nova certidão de nascimento.
O defensor público e chefe do Núcleo de Atendimento de Iniciais de Brasília, Márcio Del Fiore, disse ao site Metrópoles que a atuação da entidade foi fundamental para garantir justiça e proteção ao idoso, pois a emissão da certidão de óbito errónea resultou na perda dos direitos fundamentais do senhor Jorge.
Enquanto isso, Jorge Teófilo de Oliveira apanha lixo, papelão e tudo o mais que possa ter algum valor para se sustentar a si e ao filho de 16 anos que mora com ele. Mas queixa-se de cansaço e precisa de ajuda.
