Horas antes do feriado que celebra o "Dia da Consciência Negra" no Brasil, João Freitas, 40 anos, foi perseguido e espancado por dois vigilantes, ambos brancos, após discutir com uma operadora de caixa. Os agressores respondem agora por homicídio qualificado.
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Um homem negro de 40 anos foi espancado e morto por dois homens brancos em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, na noite de quinta-feira, dia 19, a poucas horas de se celebrar no Brasil o feriado do "Dia da Consciência Negra", que assinala o combate ao racismo.
João Freitas foi agredido numa unidade do supermercado Carrefour, após um desentendimento entre a vítima e uma funcionária do supermercado, que teria, na sequência, chamado a segurança, informa a Brigada Militar da cidade.
Freitas foi levado da área dos caixas para a entrada da loja e teria, de acordo com a Polícia Civil, iniciado a briga ao dar um soco num dos seguranças. Foi depois espancado até à morte.
Uma equipa do serviço de atendimento de urgência local tentou reanimar o homem, que acabaria por morrer no local.
Para a delegada Roberto Bertoldo, que investiga o caso, a causa da morte "pode ser um ataque cardíaco em função das agressões e de estar sendo pressionado por duas pessoas em cima dele o contendo".
Os agressores têm 24 e 30 anos, foram presos em flagrante e devem responder por homicídio qualificado. Um deles é polícia militar e foi levado para uma prisão militar, o outro é segurança da loja e está num edifício da Polícia Civil.
O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul classificou as cenas como "horripilantes". "Vamos apurar esse facto à sua exaustão, não podemos admitir ações desta natureza. As imagens são horripilantes, a Segurança Pública do nosso estado fará tudo para o seu total esclarecimento", escreveu Ranolfo Vieira Junior nas redes sociais.
Em nota, a rede Carrefour atribuiu a agressão aos seguranças, chamou o ato de "criminoso" e anunciou o fim do contrato com a empresa que responde pelos funcionários agressores.
Dados divulgados em agosto deste ano pelo Atlas da Violência de 2020 indicam que os assassinatos de negros aumentaram 11,5% em dez anos, enquanto os de não negros caíram 12,9% no mesmo período no Brasil.
O relatório também mostra que, em 2018, os negros representavam 75,7% das vítimas de todos os homicídios.
O caso de Freitas é, entretanto, a terceira queixa de negros agredidos em supermercados este ano.