Homenagem às 18 mil crianças mortas em Gaza: "Estão a morrer e têm nome, não são referências abstratas"

Leonardo Alexandre/TSF
À TSF, Patrícia Batista, uma das manifestantes, apela a uma mobilização geral para pressionar os Governos a "pararem de uma vez por todas as relações com este Estado genocida [Israel]"
Dezenas de pessoas prestaram esta quinta-feira uma homenagem, em Lisboa, às mais de 18 mil crianças palestinianas mortas pelo Exército israelita na Faixa de Gaza.
Segundo dados da Unicef, desde outubro de 2023, já morreram cerca de 18.500 crianças palestinianas. Os nomes destes menores estão a ser lidos durante o dia desta quinta-feira, no Rossio.
Em declarações à TSF, Carlos Almeida, um dos organizadores do protesto, sublinha que, "se há algo que é transversal a toda a tragédia do povo palestiniano, é a sua desumanização".
Desde logo, a própria negação da existência de um povo palestiniano. O que aqui estamos a dizer é que as pessoas que estão a morrer têm um nome, tinham uma vida e um futuro pela sua frente. São pessoas concretas, não são números, não são referências genéricas, abstratas, muitas vezes brutalizadas e desumanizantes.
Vinca ainda que estas crianças são iguais a outras quaisquer, cuja oportunidade de crescer foi-lhes roubada. "Muitas delas que nem sequer chegaram a nascer e algumas nem se quer chegaram a completar um ano de vida", lembra.
Segundo dados da ONU, mais de 625 mil crianças em Gaza foram privadas de educação, devido à destruição das infraestruturas escolares e inexistência de locais seguros da guerra.
Já Patrícia Batista, uma das cerca de 50 manifestantes, que também leu alguns dos nomes, confessou, emocionada, que o "genocídio" levado a cabo na Faixa de Gaza "lhe mudou a vida".
"O Governo de Israel transformou a minha vida de uma forma negativa, porque eu não consigo neste momento apreciar uma coisa tão simples como olhar um pôr do sol. Eles destruíram isso. Eu não consigo apreciar um pôr do sol enquanto esta catástrofe não terminar", assegura.
Patrícia Batista apela, por isso, a uma mobilização geral para pressionar os Governos a "pararem de uma vez por todas as relações com este Estado genocida [Israel]".
A fase mais recente do conflito israelo-palestiniano foi desencadeada pelos ataques liderados pelo movimento islamita palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023, no sul de Israel, que causaram cerca de 1200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Desde então, morreram mais de 60 mil habitantes de Gaza, quase metade crianças e mulheres, e mais de 150 mil ficaram feridos, segundo os registos das autoridades sanitárias, considerados fidedignos pela Organização das Nações Unidas.
