"Hora da diplomacia" na COP16. "Posições muito rígidas" podem inviabilizar acordo sobre biodiversidade
Aleksandar Rankovic, do think tank Common Iniciative, deixa críticas aos decisores políticos que acabam por criar mais problemas
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Faltam poucas horas para o encerramento da COP16, em Roma, mas ainda não há fumo branco para um acordo. As partes envolvidas na conferência continuam num impasse, mas é preciso chegar a um ponto de equilíbrio. Esse é o apelo deixado por Aleksandar Rankovic, do think tank Common Iniciative, um grupo de especialistas de várias áreas que se dedica ao tema da biodiversidade e do clima.
"Se não houver acordo relativamente ao fundo, muito dificilmente haverá acordo noutras matérias. Portanto, todo o panorama global está em perigo, porque se não houver acordo na questão financeira, não haverá acordo nos outros aspetos para o colocar em prática" sublinha Aleksandar Rankovic, em declarações à TSF.
Este responsável pelo Common Iniciative adianta que, nesta altura, está a assistir-se "a um braço de ferro, em que um lado da sala aceita que se leve mais tempo para decidir, e o outro lado aceita que, em cima da mesa, ainda continua a criação do fundo". "As posições ainda estão muito rígidas dos dois lados", conta.
Aleksandar Rankovic deixa ainda críticas aos decisores políticos que acabam por criar mais problemas. "Muitas destas pessoas estão a tentar tudo. Estes ministros e estes representantes estão a dar o melhor, com todas as suas forças. Mas as chefias políticas nas capitais, os presidentes, os primeiros-ministros é que dão instruções que não levam a lado nenhum e que nos trazem aqui", revela Rankovic, que não tem dúvidas:
"Em momentos de conflito, com as tensões geopolíticas que temos agora, a diplomacia e o multilateralismo são ainda mais importantes. Temos de manter o diálogo e encontrar formas construtivas de seguir em frente, em conjunto, para negociarmos. Mesmo que não se goste do outro lado, a arte da diplomacia é manter o sorriso, apertar as mãos e tentar manter o contacto. O que estamos a assistir agora é a divisões, em que as pessoas estão a cortar com o diálogo, em vez de encontrarem formas construtivas de continuarem a discussão."
A TSF está a acompanhar a Conferência da ONU para a Biodiversidade a convite do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
