"Horrível situação de direitos humanos." ONU pede inclusão de Myanmar na agenda da cimeira de Hiroshima
A Organização das Nações Unidas pede a "todos os países" que reconheçam o Governo de Unidade Nacional como a entidade que possui o poder legítimo de Myanmar.
Corpo do artigo
O relator das Nações Unidas para os direitos humanos em Myanmar (antiga Birmânia), Tom Andrews, pediu esta sexta-feira ao G7 que inclua o conflito no país na agenda da cimeira que se vai realizar em Hiroshima, Japão, no mês de maio.
Tom Andrews considerou que os países que formam o G7 devem comprometer-se com um plano de ação para Myanmar "antes que seja demasiado tarde", referindo-se à reunião que se vai realizar no Japão a partir do dia 19 de maio.
"A comunidade internacional está falhar em relação à população de Myanmar. A situação é horrível e está a piorar", alertou Andrew durante uma conferência de imprensa no Clube dos Correspondentes Estrangeiros de Tóquio.
O relator da Organização das Nações Unidas (ONU) termina esta sexta-feira a visita ao Japão que iniciou no passado dia 19 de abril tendo dirigido uma mensagem clara sobre a situação em Myanmar aos países do G7, grupo composto pelo Japão, Alemanha, Canadá, França, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.
Andrews afirmou que os países devem reavaliar a resposta à crise em Myanmar agravada pelo golpe de Estado militar de 1 de fevereiro de 2021 alertando para a "horrível situação de direitos humanos".
De acordo com o mesmo responsável das Nações Unidas, mais de 3400 pessoas foram mortas na sequência de ações das Forças Armadas desde 2021, tendo igualmente denunciado o agravamento da violência dos militares que atacaram recentemente uma reunião da oposição em Sagaing, no noroeste do país.
O bombardeamento ordenado pela Junta Militar ocorrido no dia 11 de abril provocou a morte a 168 pessoas, incluindo 40 menores de idade.
O relator da ONU pediu, assim, a "todos os países" para reconhecerem e demonstrarem compromissos ao Governo de Unidade Nacional, entidade que reclama constituir o poder legítimo de Myanmar.
O Governo de Unidade Nacional, formado por ex-deputados do Parlamento dissolvido pela Junta Militar, pretende reconhecimento internacional "dentro e fora do país".
O autoproclamado Governo de Unidade Nacional dispõe de um "braço armado" (Forças Populares de Defesa) que combate o Exército.
Por outro lado, Andrews pediu ao Japão, um dos países que mais investe em Myanmar, a considerar juntar-se aos outros países do G7 que já decretaram sanções contra os generais do país (no poder), tal como aconteceu em relação à Rússia após a invasão da Ucrânia.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, que se reuniram em Karuizawa, Japão, no passado dia 18 de abril pediram o fim da violência, a libertação dos presos políticos e de todas as pessoas detidas de forma arbitrária em Myanmar.
Os ministros pediram também aos militares no poder a proporcionarem a Myanmar o "regresso a um caminho que seja genuinamente democrático".