Hospital da Beira está em "situação aguda". E as doenças epidémicas estão à espreita...
O cenário é difícil no Hospital Central da Beira, em Moçambique, após a passagem do ciclone Idai. Faltam funcionários, energia e mantimentos essenciais para que sejam prestados os cuidados necessários à população.
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"O bloco operatório, o serviço de pediatria, o laboratório,..." - estão todos em "situação aguda", revela Mário Antunes, cirurgião residente do hospital.
"A situação do berçário estava complicada, porque não se conseguia manter as incubadoras a funcionar. Na parte da pediatria, as seringas eletrónicas estavam com problemas em cumprir os tratamentos", relata o médico.
O Hospital Central da Beira tem estado a funcionar graças a um gerador de energia, que mesmo não estando ligado durante as 24 horas do dia, consome mais de mil litros a cada dia.
"A ajuda para o combustível vai ser vital", indica Mário Antunes, que recebeu, há momentos, a notícia de que um avião vindo de Portugal está prestes a chegar à Beira, com pessoal e mantimentos.
"É uma notícia de algum alívio, pela situação que vivemos", desabafa.
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O cirurgião diz que o hospital ainda está a conseguir "cumprir com o cuidado aos pacientes", apesar da falta de pessoal. Embora a capacidade médica e de enfermagem estejam, para já, asseguradas, há problemas no "apoio serventuário".
"Agora é preciso fazer uma limpeza de raiz, mas, com esta situação de sofrimento, os funcionários também têm que olhar para as suas famílias, o que se percebe bastante bem, e vamos ter alguns problemas com isso", admite o médico.
Mário Antunes sublinha que é necessário "pensar no futuro a médio prazo, porque daqui a pouco começam a surgir as doenças epidémicas". Os sinais de alerta, refere, já estão a aparecer: "Há diarreias, malária. Cólera, julgo que ainda não."
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O último balanço oficial da Organização das Nações Unidas aponta que a passagem do ciclone Idai causou 294 mortos, em Moçambique, mas há ainda centenas de desaparecidos.
O ciclone que atingiu Moçambique, Zimbabué e Maláui afetou, pelo menos, 2,8 milhões de pessoas, segundo dados divulgados pelo Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas.