As autoridades angolanas utilizaram força excessiva para travarem a contestação ao regime de José Eduardo dos Santos. A acusação é feita num relatório da Human Rights Watch (HRW).
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A organização de defesa dos direitos humanos fala de repressão policial, detenções e intimidação dos jornalistas.
O governo angolano tem a mão pesada. A expressão usada pela organização que vigia os direitos humanos no mundo
serve para resumir o recurso à repressão policial e à intimidação, a limitação da liberdade de expressão e até o uso da violência do trabalho dos jornalistas.
Em causa estão sobretudo as manifestações de Setembro do ano passado contra o presidente José Eduardo dos Santos. O relatório adianta que as autoridades responderam com mão pesada aos protestos, intimidaram os manifestantes e espalharam o medo entre a população.
A Human Rights Watch explica que o governo angolano continua a restringir a liberdade de expressão, associação e assembleia.
A ONG aponta também a razão natural: a riqueza petrolífera limita a boa governação.
A organização pede ainda uma investigação urgente a relatos de violência sexual contra mulheres imigrantes expulsas de Angola para o Congo.
Angola preside à Comunidade da África Austral, mas recusa-se a dar vistos a activistas de organizações não governamentais.
É o único país africano de Língua portuguesa que aparece no relatório e junta-se aos habituais Congo, Sudão, Sudão do Sul, Eritreia e Somália.
A Guiné-Equatorial, focada também neste relatório, permanece minada pela corrupção, pobreza e repressão.
No relatório sobre os direitos humanos em 2011 a Human Rights Watch destina também um capítulo ao Brasil para dizer que as execuções extrajudiciais por unidades da polícia continuam a ser um problema porque a impunidade é quase total.
O documento fala do caso da juíza Patrícia Acioli, assassinada o ano passado à porta de casa numa aparente retaliação por ordenar a detenção de agentes policiais suspeitos de crime.