Diretora de comunicação da Human Rights Watch, em Nova Iorque, foi entrevistada pela TSF.
Corpo do artigo
Emma Daly é diretora de comunicação da Human Rights Watch (HRW), em Nova Iorque. Entrevistada pelo editor de Internacional da TSF, Ricardo Alexandre, denuncia as violações de direitos humanos na Rússia - "um cenário desesperante", quando estamos a cerca de um mês do arranque do campeonato do mundo.
Sobre o quadro geral dos direitos humanos na Rússia, Emma Daly afirma que "é uma situação desesperante, provavelmente a pior desde o finda era soviética. O governo lançou uma ofensiva em larga escala sobre quase todas as vozes dissonantes, os media independentes praticamente não existem nesta altura, a oposição política foi praticamente esmagada antes das eleições presidenciais deste ano e as organizações da sociedade civil têm sido intimidadas quase até à não-existência. Então, o governo de Vladimir Putin tem, de facto, levado a repressão longe e conseguido silenciar quem não concorda com o governo."
A diretora do HRW salienta a abertura do organismo que gere o futebol internacional para a questão do respeito pelos direitos humanos, mas alerta para a necessidade de se passar das palavras aos atos: "a FIFA precisa de ser mais transparente e precisa de dar sequência prática aos compromissos que assumiu no papel. Foi um bom começo que Infantino e o resto da FIFA tenham pensado nos direitos humanos mas agora é preciso, mas agora precisam de passar às ações concretas para demonstrarem que a FIFA não é cúmplice de abusos dos direitos humanos em redor do campeonato do mundo".
A diretora de comunicação da Human Rights Watch deixa ainda alguns conselhos à delegação portuguesa, recomendando um boicote à cerimónia inaugural do Mundial da Rússia por causa do papel russo na guerra da Síria.
2018/05/20180511_emma_daly_humanrightswatch_conselhos_para_delegacao_portuguesa_v2_20180513150434
"Queremos que Portugal jogue muito bem e faça um grande campeonato do mundo e que os fãs se divirtam. Mas não me parece bem que membros do governo estejam na cerimónia de abertura, na festa. A não ser que seja para exercer pressão sobre a Rússia para que mude a sua postura, particularmente na Síria. A Rússia tem apoiado o regime enquanto comete crimes de guerra e contra a humanidade, tem-lhe dado cobertura nas nações unidas e de facto sentimos que os líderes portugueses e europeus não devem ir à cerimónia de abertura a não ser que a Rússia dê passos concretos para considerar os piores crimes cometidos na Síria.