Na escola primária de Mussassa, no distrito do Dondo, os tectos voaram há um ano, levados pelo ciclone Idai. No novo ano lectivo, os alunos continuam a ter aulas em tendas ou ar livre, à sombra das árvores.
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De bata branca, a professora Joana tenta manter o silêncio na aula de Português. A turma está a fazer avaliação de Português. Os alunos, entre os 6 e 8 anos, sentam-se nas carteiras ou no chão, mas a sala de aula não ajuda à concentração. Desde que o ciclone Idai destruiu os tectos da escola primária de Mussassa, no distrito do Dondo, as aulas são ao ar livre, à sombra da maior árvore na zona que serve de pátio.
"Não podemos ficar sem dar aulas", justifica a professora Joana, que tem na mesma turma cerca de 80 alunos, embora hoje estejam apenas 50 a 60. Com o Idai, "algumas crianças saíram de Mafambisse (o posto administrativo a que pertence o bairro de Mussassa) e não voltaram mais".
"Todo o tecto foi embora", recorda a professora Linetz Josefa. Após a passagem do Idai, não houve aulas durante duas semanas. Depois, "juntámos duas, três turmas", mas para quem estuda ao ar livre, "quando chove, não há aulas", acrescenta José João Costanja, o secretário do bairro de Mussassa.
Sorte diferente têm os alunos que se abrigam nas duas tendas montadas pela UNICEF. Aqui, as carteiras também não chegam, muitas foram vandalizadas na altura do Idai, mas quando a chuva volta, só o chão fica molhado. Nada que desanime as crianças, que gostam de estudar e cantar, sentadas sobre as capulanas ou aos saltos em cima das carteiras.
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Ninguém sabe dizer quando a escola estará recuperada. Talvez até ao fim do ano lectivo, espera José João Costanja, mas Linetz Josefa é mais contida: "é fácil destruir, mas recompor leva muito tempo", salienta a professora.
A autora não escreve segundo a grafia alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990