No Iémen, uma criança morre a cada 10 minutos. Sete milhões de pessoas estão sem comida e água.
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A ONU tem multiplicado os alertas nas ultimas semanas. Milhões de pessoas podem morrer nos próximos meses por causa da maior fome que o mundo enfrenta em décadas.
Os Médicos sem Fronteiras têm há alguns anos várias delegações no Iémen. Justin Armstrong, o chefe da missão no país, disse à TSF que em dois anos a situação se deteriorou rapidamente.
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"Desde o agravamento do conflito em março de 2015 assistimos à destruição de centenas instalações médicas, à fuga de milhões de pessoas, muitas mais enfrentam uma insegurança alimentar nunca sabendo quando poderão comer. "
Para agravar todos os problemas o país está a enfrentar uma enorme epidemia de cólera com mais de 900 mil casos diagnosticados. Justin Armstrong garante que o surto se desenvolveu por causa do colapso dos sistemas de água e saneamento, e dos problemas na área da saúde.
Desde 6 de novembro que o bloqueio imposto pela coligação liderada pelos sauditas só tornou a situação pior e os médicos sem fronteiras defendem que Riad tem obrigação de permitir o acesso às zonas mais necessitadas.
A Cruz Vermelha, por exemplo, denunciou que os navios que transportavam comprimidos de cloro, vitais para o combate à cólera, foram impedidos de chegar ao destino.
O bloqueio é o principal responsável pelo agravar da situação já que tem agravado a falta de produtos essenciais. À TSF Justin Armstrong afirma que os Médicos sem Fronteiras ainda têm medicamentos porque antes do bloqueio reforçaram os stocks mas o resto dos hospitais do país enfrentam grandes dificuldades.
Este médico sublinha que "não vai demorar muito para o impacto ser enorme e incontrolável.
Normalmente os hospitais no Iémen já não têm qualquer verba dada pelo estado e por isso não têm dinheiro para comprar medicamentos ou tratar a população. A maior parte dos funcionários não recebem há um ano e muitos artigos essenciais estão parados na fronteira. A Unicef, por exemplo, já denunciou a falta de vacinas, e há outras organizações que têm a ajuda parada no mar ou bloqueada. Muito rapidamente esta situação vai ter um impacto grande em muitas famílias iemenitas. "
O chefe da missão dos médicos sem fronteiras no Iémen lembra que a organização tem apelado à Arábia Saudita para levantar o bloqueio ao país.
O conflito no Iémen, a nação mais pobre do mundo árabe, começou em 2011 mas há dois anos a situação agravou-se e agora a guerra coloca frente a frente os rebeldes xiitas apoiados pelo Irão e as forças aliadas a uma coligação internacional liderada pela Arábia Saudita.