Protesto de quarta-feira quer mostrar a oposição das autoridades locais ao plano do executivo do primeiro-ministro grego conservador, Kyriakos Mitsotakis.
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Os serviços municipais das cinco ilhas gregas que mais acolhem migrantes vão encerrar na quarta-feira em protesto contra o plano do Governo grego de substituir os atuais campos de refugiados por centros em regime de detenção.
O protesto de quarta-feira quer mostrar a oposição das autoridades locais ao plano do executivo do primeiro-ministro grego conservador, Kyriakos Mitsotakis, mas também pretende denunciar "a situação dramática" dos atuais campos de processamento e de acolhimento de refugiados, conhecidos como 'hotspots', que ficam localizados em cinco ilhas gregas no Mar Egeu (próximas da Turquia), segundo explicou a autarquia da ilha de Chios.
Em novembro, o Governo helénico anunciou um plano que prevê encerrar os três maiores (e mais sobrelotados) campos de processamento e de acolhimento de refugiados que ficam localizados nas ilhas de Lesbos, Samos e Chios, e substituí-los por novas estruturas, que funcionarão em regime de detenção.
Existem outros dois hotspots nas ilhas de Leros e Kos. O plano governamental explica que estas novas estruturas "fechadas" terão uma maior capacidade, mas as autoridades locais reclamam uma redução no número de migrantes e de refugiados planeados para cada ilha.
As autarquias de Lesbos, Chios, Samos, Kos e Leros querem que o número de migrantes e de refugiados seja proporcional à população local. A Grécia voltou a ser este ano a principal porta de entrada para a Europa dos migrantes e dos requerentes de asilo procedentes da vizinha Turquia.
No total, mais de 37 mil pessoas estão, neste momento, nos hotspots nas cinco ilhas, cuja capacidade é de 6.200 pessoas. Em Chios, o número de requerentes de asilo representa 12% da população desta ilha de 52.000 pessoas, uma percentagem considerada "muito grande", segundo uma fonte municipal.
O sindicato dos funcionários públicos em Chios convocou, segundo relataram as agências internacionais, uma reunião para denunciar "a vergonha dos 'hotspots'" e para exigir a simplificação dos processos burocráticos (atribuição de documentos), de forma a facilitar a saída dos migrantes das ilhas e o respetivo encaminhamento para uma acomodação "digna".
Em declarações recentes em Bruxelas, o presidente internacional da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Christos Christou, assegurou que a situação dos campos de registo e de acolhimento de refugiados nas ilhas gregas, sobrelotados e com condições de vida muito precárias, é comparável aos cenários verificados pela organização em partes do mundo "afetadas por desastres naturais ou em zonas de guerra".
Durante uma recente visita à Grécia, o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, também classificou as condições dos campos nas ilhas gregas como "extremamente preocupantes".