Dois economistas, ouvidos pela TSF, acreditam que o atraso na formação de um Governo não vai trazer consequências negativas para o crescimento do país.
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Está marcada para esta quinta-feira, uma reunião entre o presidente alemão e os líderes da CDU e do SPD. Pouco mais de um mês depois das eleições, a Alemanha continua sem um governo formado.
A coligação Jamaica (assim chamada por causa das cores dos partidos que a integram), formada pela CDU, pelos Verdes e pelos liberais do FDP falhou e Frank-Walter Steinmeier foi obrigado a intervir.
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Depois do apelo feito a todos os partidos para que se mostrassem disponíveis para integrar um novo executivo, o SPD recuou na decisão tomada no dia em que foram conhecidos os resultados. Martin Schulz tinha rejeitado formar uma grande coligação com Angela Merkel para poder estar na oposição. Agora os dois partidos vão começar a negociar para tentar chegar a uma solução: Ou se repete o cenário dos últimos doze anos (democratas cristãos e sociais-democratas no executivo), ou há luz verde para um governo minoritário. Se não houver acordo, o país irá novamente a votos.
Para os dois economistas ouvidos pela TSF a melhor saída seria mesmo a formação de um governo minoritário. Clemens Fuest destaca o principal ponto positivo: "passaria a haver mais debate no parlamento."
O presidente do Instituto IFO de Investigação Económica e diretor do Centro de Estudos Económicos da Universidade de Munique acredita que "com uma coligação isso não acontece porque a maioria das decisões são tomadas no interior dos partidos que a formam, não deixando tanto espaço para o debate. Torna difícil fazer muitas coisas, mas alguns projetos poderiam ser propostos e o governo teria que tentar encontrar uma maioria para que fossem aprovados. Mas isso não tem mal, não é pior que um governo formado por uma coligação que, provavelmente, iria gastar dinheiro em medidas que não são propriamente muito úteis."
Já o diretor do Instituto de Estudos Económicos e de Gestão da Universidade de Duisburg-Essen, Ansgar Belke confessa que não há soluções ideais mas, do mal, o menos "este problema só poderia ser resolvido se o SPD tolerasse um governo minoritário formado pela CDU e pelos Verdes. Se isto se verificasse, Martin Schulz podia honrar o compromisso assumido depois das eleições de ser a oposição. Em termos de progresso económico, a vontade não seria menor e esta solução não inspira mais dúvidas que qualquer uma das outras."
Os dois economistas acreditam que a situação de impasse não vai travar o crescimento económico da Alemanha, dando os exemplos da Holanda, da Bélgica ou até mesmo de Espanha.
Ansgar Belke vai mais longe, recordando a transição governamental entre Gerhard Schröder e Angela Merkel que demorou cinco meses ou o caso belga "em que em 2010 foram precisos 589 dias para a formação de um governo, durante esse período a economia do país cresceu mais que a média europeia". Apesar da incerteza são "países que demonstram capacidade de crescimento" independentemente do ciclo político.