A Johnson & Johnson foi confrontada com os possíveis problemas causados pelo implante vaginal mas decidiu colocar o produto no mercado. O Prolift esteve sete anos à venda e a empresa está a braços com a justiça.
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Um implante vaginal de malha produzido por uma das maiores empresas farmacêuticas, a Johnson & Johnson, foi vendido mesmo depois de avisos de que poderia magoar a vagina e endurecer dentro do corpo, noticia esta terça-feira o The Guardian, que teve acesso a e-mails internos de executivos da empresa.
A equipa da farmacêutica estava preocupada com o facto de o plástico usado para o implante poder tornar-se "duro como uma rocha" ou mesmo enrolar-se dentro do organismo das pacientes. Apesar dos avisos, o implante acabou por chegar ao mercado em 2005 e foi vendido durante sete anos.
Suzanne Emmett, de 60 anos, natural da Pensilvânia, foi uma das vítimas deste implante e resolveu apresentar queixa da Johnson & Johnson por alegadas complicações traumáticas. De acordo com a investigação do jornal britânico, o tribunal de Filadélfia vai ouvir, esta semana, a mulher que precisou de nove cirurgias depois de dores fortes provocadas pelo implante que perfurou a vagina.
Emmett recebeu o implante em 2007 e meses depois a malha acabou por penetrar a vagina por diversas vezes, o que obrigou a uma cirurgia para retirar o Prolift. Para além das dores provocadas à norte-americana, também o pénis do marido foi arranhado durante as relações sexuais, algo que o homem descreveu como "arame farpado".
A defesa acredita que a empresa foi negligente na produção do Prolift e que não avisou os médicos sobre os possíveis perigos, o que terá provocado problemas a milhares de mulheres em todo o mundo.
O implante que foi lançado nos EUA em 2005 não teve a aprovação imediata da Food and Drug Administration (FDA), apenas três anos depois quando a organização foi avisada de que o implante estava no mercado. A Johnson & Johnson também não confirmou se o produto estava aprovado pela Comissão Europeia justificando-o com "litígios em andamento".
Nos documentos apresentados à justiça norte-americana sobre os implantes vendidos entre 2004 e 2006 os médicos relataram várias falhas nos implantes, entre elas a erosão da malha na vagina mas também uma retração vaginal moderada ou grave.
Contactado pela TSF, o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) adianta que não foi contactado no decorrer da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação e que "não há motivos para alarme", sublinhando a entidade que está "serena", a aguardar o decorrer da investigação e que não tem registo de casos em Portugal.