O novo canal do Suez vai ser inaugurado esta quinta-feira. A festa vai estar cheia personalidades, mas será difícil atingir o impacto que teve a inauguração do canal, no século XIX. O compositor Verdi foi um dos muitos convidados e Eça de Queirós fez a reportagem para o Diário de Notícias.
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"A baía de Port Said estava triunfante. Era o primeiro dia das festas. Estavam ali as esquadras francesas do Levante, a esquadra italiana, os navios suecos, holandeses, alemães e russos, os yachts dos príncipes, os vapores egípcios, a frota do paxá, as fragatas espanholas, a Aigle, com a imperatriz, o Mamoudeb com o quediva, e navios com todas as amostras de realeza, desde o imperador cristianíssimo Francisco José até ao caide árabe Abd el-Kader. As salvas faziam o ar sonoro. Em todos os navios, a marinhagem, perfilada nas vergas, saudava com vastos urras" relatava, há 146 anos, o enviado especial do Diário de Notícias, Eça de Queirós.
Um ambiente internacional festivo e colonial bem diferente dos dias de hoje onde apesar dos convidados internacionais como Hollande a festa é sobretudo do presidente do Egito que mandou fazer a obra num apertado calendário que foi antecipado.
A obra durou apenas e um ano e foi entregue às força armadas do Egito, daí os baixos custos de construção desta segunda via de navegação.
O presidente Abdel Fatah al Sissi avançou para este projeto faraónico de oito mil milhões de euros para recuperar a fraca economia do país e cimentar a sua autoridade a nível internacional e nacional.
A nova via, paralela ao velho canal terá 72 quilómetros e 24 metros de profundidade e permite duplicar o tráfego de grandes navios. Nos dias de hoje pelo canal de Suez passa 7% do comércio mundial que utiliza a via marítima.