A prefeitura de Manaus organizou um curso de português para índios da etnia Warao, que têm chegado ao Brasil devido à crise política na Venezuela e à falta de alimentos no país.
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Centenas de venezuelanos chegam todos dias ao Brasil para escaparem à crise política e económica no país. Entre estes migrantes está um grupo de índios da etnia Warao que têm tido muita dificuldade em encontrar emprego, sobretudo devido ao facto de não falarem espanhol ou português.
"Eles falam o dialeto deles", explicou à TSF Stela Cyrino, diretora da Escola de Serviço Público Municipal, responsável pela organização do curso de português experimental.
"O curso tem uma duração de 40 horas. Estamos a trabalhando especificamente com os indígenas venezuelanos da etnia Warao. Junto com o professor temos um tradutor para mediar estas aulas de português experimental", referiu.
A escola abriu 50 vagas para aulas de português e foram todas preenchidas rapidamente. Stela Cyrino garante que a escola pode abrir mais cursos se tiver procura. "É facultativo, ninguém obriga. Eles procuram, e o interesse deles é muito grande".
Stela Cyrino refere que é importante que a tribo venezuelana consiga comunicar para "facilitar a inserção no mercado de trabalho". A diretora da Escola de Serviço Público Municipal garante que "o mercado de trabalho [de Manaus] é muito promissor, tem muitas oportunidades".
Em 2017 chegaram mais de 500 índios Warao a Manaus. Juntam-se aos milhares de refugiados venezuelanos que vêm entrando no Brasil desde o agravamento da crise na Venezuela, onde há falta de comida, dinheiro e medicamentos.
"Através do estado de Roraima recebemos muitos venezuelanos. Pela proximidade, os venezuelanos e os indígenas migraram para a cidade de Manaus", explicou, acrescentando que o município de Roraima, localizado na região norte do país, junto à fronteira com a Venezuela, "já decretou o estado de emergência porque as praças da cidade estão tomadas".