O presidente sul-africano declarou, este domingo, querer negociações entre o histórico chefe de estado zimbabueano, Robert Mugabe, no poder desde 1980, e o líder da oposição Morgan Tsvangirai, para a formação de um governo de unidade nacional.
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O homem forte do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), que venceu a primeira volta das presidenciais zimbabueanas a 29 de Março, tal como o seu partido as eleições legislativas concomitantes, acaba de anunciar o abandono da corrida à segunda volta, no dia 27, por temer uma «orgia de sangue» no país.
«Espero que ambos os dirigentes estejam dispostos a encetar um processo conducente a um acordo», declarou Thabo Mbeki na televisão pública SABC.
O presidente sul-africano, que mandou no sábado dois emissários ao Zimbabué, com o apoio da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), vincou que Mugabe e Tsvangirai «serão encorajados» a dialogar.
A comunidade internacional reagiu com «indignação» ao desenrolar dos acontecimentos no Zimbabué, ao ponto de o chefe da diplomacia britânica, David Maliband, falando na televisão Sky News, ter classificado de «ilegítimo» o poder de Mugabe.
Em Washington, a Casa Branca defendeu eleições livres - e não a reeleição automática de Mugabe, resultante da desistência de Tsvangirai -, exigindo o fim da «orgia de violência» dos simpatizantes da força política do histórico presidente (ZANU-FP), denunciada pelo líder da oposição.
A França também condenou, através do Presidente Nicolas Sarkozy, «as atrocidades» perpetradas pelo regime de Mugabe, saldadas desde 29 de Março em pelo menos 70 oposicionistas mortos, mais de 400 detidos, 100.000 feridos e 20.000 habitações destruídas, em números da organização não-governamental (ONG) norte-americana Human Rights Watch.
Em Bruxelas, o alto representante para a Política Externa e de Segurança Comum (PESC) da UE, Javier Solana, rotulou de «inaceitável» a campanha de intimidação e violencia dos sicários de Mugabe.