O início, previsto para quinta-feira, de negociações de paz entre o governo colombiano e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) , que decorrerão em Cuba, foi adiado para segunda-feira, anunciaram ambas as partes, num comunicado conjunto.
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Entre quinta-feira e domingo, governo e FARC vão «prosseguir a reunião técnica para regulamentar os detalhes dos mecanismos da participação social» nas negociações de paz, que não estava inicialmente prevista.
Na segunda-feira, em Havana, sede permanente do processo de paz colombiano, «os delegados iniciarão as discussões, segundo o programa previsto», refere o comunicado, publicado no portal do governo colombiano.
Há uma semana, governo e FARC começaram a preparar os detalhes logísticos das negociações de paz para pôr fim a meio século de conflito, mas o ponto prévio sobre o pedido para a participação da sociedade civil obrigou ao adiamento - ainda nenhuma das partes se pronunciou sobre ele oficialmente.
As possibilidades da participação social - pedida por associações de vítimas, de direitos humanos e indígenas, e também por partidos políticos - podem ir desde um espaço na Internet onde possam dar voz às suas preocupações, a estarem à mesa do diálogo.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, já defendeu a restrição das negociações às duas partes em conflito, deixando a participação social para uma fase posterior.
O Congresso colombiano prossegue, entretanto, com as Mesas Regionais de Paz, para recolher as propostas de quatro centenas de organizações civis de nove zonas do país, que depois entregará ao Alto Comissário para a Paz, Sergio Jaramillo, que as fará chegar aos negociadores.
O presidente colombiano e as FARC anunciaram, em finais de agosto, um acordo para negociar a paz, que foi lançado a 18 de outubro.
O acordo está sujeito à conciliação das duas partes sobre cinco pontos, definidos em conversações secretas, no início do ano: desenvolvimento rural; participação das FARC na vida política; fim do conflito armado; combate ao narcotráfico; e direitos das vítimas.
O primeiro ponto a ser abordado na segunda-feira será a distribuição de terra. Na Colômbia, 1,15 por cento da população está na posse de 52 por cento das grandes propriedades rurais.
Este diálogo é a quarta tentativa de negociações de paz lançada desde a década de 1980, tendo a última fracassado em 2002.
O Exército colombiano contabiliza o número de guerrilheiros das FARC em 8.147 e em 10.261 o número de elementos que formam as suas redes de apoio, dando-lhes refúgio e alertando-os para os movimentos das forças de segurança nacionais.