"Irão mantém capacidade de produção de urânio enriquecido, mas muito mais limitada"
Apesar de Israel garantir que destruiu as armas nucleares iranianas, o especialista Luis Guimarães acredita, em declarações à TSF, que Teerão mantém a produção de urânio enriquecido em instalações ainda desconhecidas, mas de uma forma muita mais limitada
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Não há certezas sobre os danos que Israel conseguiu infligir às capacidades de produção de armas nucleares do Irão, mas o professor da Universidade Nova, Luis Guimarães, não tem dúvidas de que os ataques significaram um grande retrocesso para Teerão.
Em declarações à TSF, o especialista nuclear lembra as poucas informações que chegam do Irão através de imagens de satélite ou da própria Agência Internacional de Energia Atómica. "Vimos, nos últimos dias, uma operação logística com alguns caminhões a sair de Fordow, onde se supõe que fossem algumas centrifugadoras e algum gás enriquecido e sabemos que os inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica tinham identificado algumas botijas de gás enriquecido, que totalizavam os 400 kg de material, muito fáceis de transportar de um local para outro, podem até caber nas bagageiras de dez automóveis ligeiros, portanto, os camiões terão sido utilizados para outra coisa", detalha.
A partir destas averiguações, Luis Guimarães traz o cenário mais provável: "Tendo em conta que a cadeia de abastecimento de todo o ciclo de enriquecimento é interna, portanto, há conhecimento para a desenvolver, eu diria que o que Irão poderá ter tentado continuar o processo numa instalação que ainda não foi descoberta e cujas limitações não conhecemos".
A ambição de Teerão de produzir armas nucleares não foi afetada com a guerra, mas deverá demorar muitos anos até o Irão recuperar a capacidade de produção que estava a conquistar. "O Irão mantém a capacidade de produção de urânio enriquecido, mas muito limitada", remata.
Luis Guimarães acredita que o Governo iraniano vai continuar a utilizar o programa nuclear militar para negociar o alívio de sanções, como tem vindo a fazer, e, por isso, não irá abdicar desse "trunfo".