Os irlandeses dizem hoje, através de referendo, se querem que o país ratifique o pacto orçamental que pretende reforçar a disciplina fiscal e orçamental dos países da União Europeia.
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A Irlanda será o único país a realizar uma consulta popular sobre esta questão, mas mesmo que o resultado seja o chumbo isso não implicará o bloqueio porque tratando-se de um tratado intergovernamental, e não de um tratado europeu, basta que 12 estados-membros ratifiquem o documento para que entre em vigor. Recorde-se que Portugal foi o primeiro país a fazê-lo.
As sondagens mostram que a maioria dos cerca de três milhões de eleitores está inclinada para o "sim" ao pacto que estabelece um teto máximo para o défice.
Ainda assim, se o "não" ganhar a aplicação do pacto na Europa não fica em causa mas os irlandeses deixam de poder recorrer ao fundo de emergência depois de terminar o programa de ajustamento, no próximo ano.
Em declarações à TSF, o embaixador de Portugal em Dublin, Bernardo Futscher Pereira, disse que o referendo surge numa tradição de grande debate na Irlanda. O facto das medidas de austeridade não terem sofrido grande contestação, não deve ser lido como um alheamento dos irlandeses em relação ao assunto.
«Isto não significa que não haja debate. Evidentemente que há um grande debate, aliás em torno do referendo debate-se exaustivamente o programa de ajustamento e a política que está a ser seguida pelo governo. Mas isso não significa que haja uma contestação violenta ou desordeira às medidas que estão a ser tomadas», descreveu.
O embaixador de Portugal na Irlanda o primeiro parceiro europeu a ser alvo de um resgate internacional tem sido testemunha dos progressos no combate ao desequilibro das contas.
«A situação da Irlanda tem evoluído de forma positiva. O programa de ajustamento com a troika tem sido cumprido, as avaliações têm sido positivas e há a sensação de que a Irlanda vai no bom caminho. A economia estabilizou e espera-se que possa retomar um percurso de crescimento ainda este ano e nos próximos anos com mais intensidade, portanto diria que de uma forma geral as perspectivas são positivas», referiu Bernardo Futscher Pereira.