A Irmandade Muçulmana, a mais organizada força política no Egipto, anunciou que não vai participar na manifestação desta terça-feira contra os militares.
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O Partido da Liberdade e da Justiça, da Irmandade Muçulmana, revelou que a decisão surgiu a partir do «desejo de não arrastar o povo para novos confrontos sangrentos com outras forças políticas que procuram mais tensão», sustenta um comunicado divulgado segunda-feira à noite na página da organização.
Sem a participação daquele que será o partido melhor colocado para as eleições de segunda-feira, fica assim em causa o sucesso da manifestação convocada pela coligação dos jovens da revolução e o Movimento 6 de Abril.
Os manifestantes que contestam a junta militar egípcia querem juntar um milhão de pessoas esta terça-feira na Praça Tahrir, no Cairo.
Desde sábado, o regresso dos protestos à Praça Tahrir e a outros pontos do Cairo retomou o método do acampamento usado antes da queda de Hosni Mubarak.
Os protestos visam a queda da junta militar, concretamente do marechal Mohamed Hussein Tantawi que a lidera, e uma das palavras de ordem prometida é a exigência de um Egipto governado por civis.
Os protestos provocaram desde sábado a morte de 33 pessoas e as fontes médicas citadas por agências internacionais dizem que a maioria dos corpos nas morgues do hospital do Cairo apresentam ferimentos de bala.
A Amnistia Internacional revelou, entretanto, um relatório, onde acusa os militares de excederam a brutalidade do regime de Mubarak.
A organização mostrou-se decepcionada com o não cumprimento da promessa dos militares de melhorar as condições de exercício dos direitos humanos no Egipto.
O relatório da Amnistia acusou ainda a junta militar de ter aumentado os julgamentos e de ter alargado o âmbito do estado de emergência.
Há ainda relatos sobre o uso de tortura e de grupos paramilitares que contam com a protecção do exército.