A luta das mulheres islandesas começou há quatro décadas e quase paralisou o país, que se tornou também o primeiro a aprovar legislação que obriga as empresas a provarem que pagam salários iguais.
Corpo do artigo
24 de outubro de 1975, um dia que está para as mulheres islandesas como o 25 de Abril para os portugueses. Nesse dia, há mais de 40 anos, por toda a Islândia as mulheres cruzaram os braços, recusando-se a cozinhar, da banho aos filhos, ir com eles à escola, ir às compras ou trabalhar.
A primeira greve geral de mulheres no mundo para reclamar salário igual por trabalho igual paralisou 90% de toda a atividade do país.
No entanto, além de terem conquistado ganhos legislativos para a equiparação salarial, a greve inédita das mulheres provocou também a crise mais insólita de que há memória num país nórdico: a crise das salsichas.
Habituados às mulheres criadas e sem jeito para cozinhar, os homens islandeses viram-se subitamente com a tarefa de tomar conta dos filhos e de os alimentarem. As salsichas eram o que, na altura, mais perto estavam de comida rápida, mas com este alimento rapidamente esgotado, a greve das islandesas fez ver aos homens que sem elas, tudo para.
A crise das salsichas continua a ser assinalada todos os anos a 24 de outubro no país. Um dia em que as mulheres se recusam a fazer seja o que for relacionado com as lides domésticas.
Trabalho igual, salário igual
Na Islândia, as mulheres ganham em média 96% do salário dos homens. As primeiras leis sobre a equiparação salarial para homens e mulheres surgiram em 1961, sendo atualmente a Islândia o país mais igualitário do mundo.
Ainda assim, a nova lei aprovada no ano passado foi a primeira do mundo a requerer o comprovativo de que o trabalho nas mesmas funções é pago de forma igual.
A lei aplica-se às empresas com mais de 25 trabalhadores que, na pequena Islândia não são muitas, obrigando à entrega de um relatório salarial de três em três anos, para explica às autoridades divergências de ordenados entre homens e mulheres.
As empresas apanhadas em falta arriscam multas até 400 euros por dia. A lei é vista no país não como um instrumento de punição mas como um incentivo do rumo a seguir.
No entanto, para muitos irlandeses, a melhor forma de garantir igualdade de salários passa por nomear ainda mais mulheres para cargos de decisão. Na Islândia, 40% dos membros dos conselhos de administração, direção de empresas e parlamento são hoje em dia mulheres, que compõem também metade do governo.