Israel acusa Reino Unido de dar “recompensa para Hamas” com possível reconhecimento do Estado da Palestina
Para Israel, a "mudança de posição do Governo britânico neste momento, após a iniciativa francesa e sob pressão política interna, constitui uma recompensa para o Hamas"
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Israel criticou esta terça-feira o anúncio de Londres sobre um eventual reconhecimento do Estado da Palestina, denunciando-o como uma “recompensa para o Hamas” e um obstáculo aos esforços para conseguir um cessar-fogo na guerra em Gaza.
"A mudança de posição do Governo britânico neste momento, após a iniciativa francesa e sob pressão política interna, constitui uma recompensa para o Hamas e prejudica os esforços para garantir um cessar-fogo em Gaza e uma estrutura para a libertação dos reféns", escreveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita num comunicado.
O primeiro-ministro britânico anunciou esta terça-feira que o Reino Unido vai reconhecer o Estado da Palestina em setembro, se Israel não cumprir uma série de condições, nomeadamente acabar com a “situação catastrófica em Gaza”.
Decretar um cessar-fogo no enclave palestiniano e garantir que não vai anexar a Cisjordânia são outras das condições mencionadas por Keir Starmer, que convocou esta terça-feira uma reunião de emergência do Conselho de Ministros para abordar a situação em Gaza.
O primeiro-ministro britânico exigiu também que Israel se comprometa com um processo de paz de longo prazo que alcance uma solução de dois Estados, Israel e Palestina, de acordo com um comunicado divulgado por Downing Street.
A decisão britânica surge depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter anunciado, na semana passada, que Paris vai anunciar o reconhecimento do Estado da Palestina em setembro, durante a Assembleia-geral da ONU, uma declaração que foi igualmente criticada por Israel, mas também pelos Estados Unidos.
Caso se concretize a intenção do executivo britânico, o Reino Unido será o segundo país do G7 (grupo das sete maiores economias mundiais), a reconhecer o Estado palestiniano em setembro.
A par de França, o Reino Unido também integra o grupo dos cinco membros (os restantes são China, Rússia e Estados Unidos) permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Até ao momento, pelo menos 142 dos 193 países-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano, segundo dados da agência noticiosa francesa AFP.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1200 pessoas e mais de duas centenas foram feitas reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 60 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 140 pessoas já morreram de desnutrição e fome.
