Israel trava flotilha: "qualquer ação de cidadania é arma" na "arena" diplomática, é tempo de "expulsar" embaixador de "país genocida"
No Fórum TSF, Pedro Abrunhosa — que em 1995 se algemou à porta do Coliseu do Porto, numa tentativa de travar a venda da histórica sala à IURD — distingue a sua ação da da flotilha humanitária que tentou chegar a Gaza: os ativistas corriam e correm "um risco físico"
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A detenção por Israel dos cidadãos portugueses a bordo da flotilha ativista foi o ponto de partida para o Fórum TSF desta quinta-feira.
Salientando que "a soberania do Estado português está em causa", Shahd Wadi diz-se "triste" por "saber" que o Governo de Luís Montenegro "nem tomou medidas simbólicas" para proteger os cidadãos portugueses que seguiam a bordo da flotilha humanitária. A escritora e tradutora palestiniana a viver em Lisboa desde 2006 insta-o a "expulsar o embaixador de um país genocida".
Por sua vez, Pedro Abrunhosa — que em 1995 se algemou à porta do Coliseu do Porto, numa tentativa de travar a venda da histórica sala à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) — sublinha que "qualquer ação de cidadania é uma arma". Quer ainda deixar uma ressalva: o "gesto" de 1995 pretendia "proteger um património que é de todos", mas a ida até Gaza para entregar ajuda humanitária e a consequente interceção em águas palestinianas pressuponha e pressupõe "um risco físico".
O cantor e compositor acrescenta que, por muito utópico que possa parecer, gestos como este mostram que é preciso não baixar os braços:
É um gesto quimérico, a flotilha não passa de uma quimera, mas nós não podemos desistir das utopias. São absolutamente fundamentais para que a humanidade se reencontre consigo própria, não podemos ser apenas consumidores e espectadores de um mundo em degradação total.
Também Victor Ângelo, antigo secretário-geral adjunto das Nações Unidas, defende que iniciativas como esta são "importantes" na "arena" diplomático internacional. Aliás, seja ações relacionadas com a "ocupação ilegal da Ucrânia" ou com o "clima", a sociedade civil e as organizações devem "participar ativamente" para "colocar em evidência os problemas existentes" e "chamar a atenção da opinião pública mundial".

