Impasse sobre o Brexit mantém-se. May está em Bruxelas, esta manhã encontrou-se com o presidente da Comissão europeia, para discutir uma eventual flexibilização do acordo de retirada do Reino unido da União Europeia. Mas a garantia que recebeu é que o acordo não será reaberto.
Corpo do artigo
"O Presidente Juncker sublinhou que a UE27 não reabrirá o Acordo de Retirada, que representa um compromisso cuidadosamente equilibrado entre a União Europeia e o Reino Unido, em que ambas as partes fizeram concessões significativas para chegar a um acordo", lê-se numa declaração conjunta, emitida no final do encontro, em que ambos manifestaram a vontade de evitar um hard Brexit.
"As conversações foram realizadas com o espírito de trabalhar em conjunto para conseguir a retirada ordenada do Reino Unido da UE", acrescentam na declaração, onde também se lê que "o presidente Juncker expressou a sua abertura para acrescentar uma formulação à Declaração Política" para a tornar "mais ambiciosa em termos de conteúdo e rapidez no que diz respeito à futura relação entre a União Europeia e o Reino Unido".
TSF\audio\2019\02\noticias\07\joao_francisco_guerreiro_econtro_may_e_juncker_trad_13h
Essas eventuais alterações terão, porém, que ser "acordadas pelo Parlamento Europeu e pela UE27", como vincou o presidente da Comissão, dando a entender que será necessária rapidez para organizar novos textos, que reúnam o consenso de todos, aponto de evitar um hard Brexit, a escassas oito semanas da data prevista.
Poucos amigos
Theresa May chegou a Bruxelas com o semblante mais carregado que alguma vez se lhe viu por aqui. O tom sério dava a entender que a primeira-ministra pudesse estar melindrada com os termos "pouco diplomáticos" com que o presidente do Conselho Europeu se dirigiu aos "defensores do Brexit", no dia anterior.
"Tenho vindo a questionar-me como é que será esse lugar especial no inferno, para aqueles que promoveram o brexit sem um rascunho para o executar em segurança", criticou ontem o Donald Tusk
Já esta manhã, o secretários de Estado-adjunto da primeira-ministra, David Lidington, em declarações à BBC, questionado se May deveria exigir um pedido de desculpas a Tusk, na sequência das declarações de ontem, classificou a declaração como "pouco diplomática", mas considerou que "ele não estava a criticar a primeira-ministra".
No entanto, esta manhã Theresa May não exteriorizava a boa disposição com que normalmente se afirma determinada em executar o Brexit. O habitual handshake com que o presidente da Comissão recebe os notáveis que o visitam, foi paradoxalmente estático.
May evitou ainda qualquer declaração aos inúmeros jornalistas que aguardavam a sua chegada, apesar das insistências. "Tem novas propostas, primeira-ministra?", questionou um jornalista, para logo a seguir perguntar ainda se ela "tem um plano B?"
"Primeira-ministra, trouxe alguma proposta específica hoje?", perguntou outro jornalista que também não obteve qualquer resposta de Theresa May. Depois uma nova questão: "você pode fazer mudanças ao acordo, primeira-ministra?" e nada.
Nesta altura, já inclinada, para caminhar até a porta de acesso ao elevador, que a levaria ao ponto mais alto do edifício Berlaymont - o 13.º andar, onde se situa o gabinete do presidente, símbolo do poder executivo da União Europeia -, May expressou um tímido "obrigado".
Num tom irónico, e já sem qualquer esperança de obter resposta, até porque a Theresa May já estava prestes a desaparecer pela porta, um jornalista perguntou se "isto é o inferno, primeira-ministra?", levando toda a assistência, que se encontrava junto do "vip-corner" a uma gargalhada geral.