A TSF ouviu o especialista em assuntos europeus, João Pedro Simões Dias, que acredita que uma vitória do "não" pode ser mais decisiva para a Europa do que o Brexit.
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Já abriram as urnas em Itália para referendar o sistema político. O primeiro-ministro Matteo Renzi quer retirar poderes ao senado, mas as sondagens mostram que não vai ser fácil aprovar estas propostas.
Se o "não" ganhar, deverá haver novas eleições com o partido 5 Estrelas, de Beppe Grilo, que quer fazer um referendo à saída da UE empatado nas intenções de voto com o primeiro-ministro italiano.
A TSF ouviu João Pedro Simões Dias, especialista em assuntos europeus, que acredita que uma vitória do "não" pode ser mais decisiva para a Europa do que o Brexit.
João Pedro Simões Dias considera que o primeiro-ministro italiano pôs a fasquia demasiado alto, ao ameaçar com a demissão, se o "não" vencer.
Há várias vozes a alertar para as consequências deste referendo. O nobel Joseph Stiglitz admite mesmo a possibilidade de ver a Itália a sair do Euro, pondo em cheque o projeto europeu.
Entre as medidas propostas por Matteo Renzi, está a redução do senado, de 315 membros para apenas 100 e os senadores não seriam eleitos diretamente, mas pelas assembleias regionais. Matteo Renzi propõe também que o partido que surja com mais de 40% dos votos tenha automaticamente uma maioria de 55% na Câmara dos Deputados.
Matteo Renzi quer acabar com o equilíbrio perfeito das câmaras do parlamento. Senado e câmara de representantes têm hoje o mesmo poder. Todas as leis têm de ter maioria nos dois órgãos, tornando muitas vezes difícil a aprovação de nova legislação.
O primeiro-ministro quer, por isso, retirar poderes ao senado, tornando-o num órgão consultivo. Com os poderes concentrados numa única câmara do parlamento, ficariam criadas condições para uma maior estabilidade governativa, tendo em conta também que a nova lei eleitoral, já aprovada, dá a maioria ao partido que tiver mais de 40% dos votos.
Uma única câmara a decidir e um Governo de um só partido tornariam o processo legislativo mais ágil.