Um governo paritário e com elementos com diferentes sensibilidades políticas. "É um projeto contraciclo", diz à TSF Nuno Severiano Teixeira, especialista em assuntos internacionais.
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O governo de Emmanuel Macron, anunciado nesta tarde de quarta-feira, no Eliseu, é composto por 18 ministros e quatro ministros de Estado: onze homens e onze mulheres. Os governantes escolhidos chegam de diferentes esferas e ideologias políticas. Dez deles não estão associados a qualquer cor política. Haverá um Ministério das Forças Armadas, em substituição do da Defesa, algo que não existia desde 1974.
Jean-Yves Le Drian, o anterior ministro da Defesa de Hollande, fica com a pasta da Europa e Negócios Estrangeiros. Marielle de Sarnez, que estava no Parlamento Europeu, ficará com os Assuntos Europeus. A ministra do Trabalho é Muriel Pénicaud, uma mulher ligada a administrações de várias multinacionais que há dois anos era diretora de uma agência de internacionalização da economia francesa.
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Com a pasta do Interior vai ficar Gérard Collom. O novo governante é um socialista com uma longa carreira politica e um dos apoiantes de Macron desde o primeiro dia. Antigo presidente da câmara de Lyon, é conhecido como um homem pragmático. Já Bruno Le Maire será o ministro da Economia.
Nicola Hulôt, um homem com presença vincada na esfera pública é o ministro de Estado e Ecologia. No seu currículo tem atividades como jornalista, produtor de televisão e escritor. A sua escolha foi criticada pelo Partido Ecologista por Hulôt ser considerado um homem demasiado consensual. Em 2007, o seu nome chegou a ser sondado para as Presidenciais.
Jean-Michel Blanquer, advogado e antigo presidente do Conselho Nacional de Educação Francês, vai ser o novo ministro da educação. Blanquer foi também diretor geral da Grande Escola do Comércio de Paris. Sylvie Goulard será ministra das Forças Armadas, uma designação que substituí o Ministério da Defesa e que não é usada desde 1974.
"É um projeto contraciclo relativamente ao que está a acontecer no resto da Europa"
"É um governo paritário, que não é muito jovem", diz à TSF Severiano Teixeira, especialista em assuntos internacionais e ex-ministro da Defesa Nacional. "A media de idades está na ordem dos 54, 55 anos. Do ponto de vista político parece corresponder de uma forma muito clara àquilo que é o projeto centrista do presidente Macron. Há quatro ministros oriundos do Partido Socialista, três do MoDem (centrista), e outros seis oriundos da sociedade civil. É um projeto contraciclo relativamente ao que está a acontecer no resto da Europa, onde há polarização e erosão do centro. É claramente um projeto de centro."
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O também professor universitário considera que as legislativas são o primeiro grande desafio de Macron, seguindo-se a economia e o terrorismo. "O grande desafio do ponto de vista político é conseguir uma maioria parlamentar que apoie o governo. A concretizar-se essa maioria, significa a implosão do sistema partidário da quinta República, assente no Partido Socialista e nos Republicanos. Depois há um conjunto de desafios que o presidente tem à sua frente, no plano económico e social, que passa por colocar a França a crescer. Tem também desafios no plano do terrorismo.
A lista completa:
Gérard Collomb: ministro do Interior
Nicolas Hulôt: ministro de Estado, Ecologia e Solidariedade
François Bayrou: ministro de Estado
Bruno Le Maire: ministro da Economia
Sylvie Goulard: ministro das Forças Armadas
Jean-Yves Le Drian: ministro da Europa e Negócios Estrangeiros
Richard Ferrand: ministro da Coesão de Territórios
Agnes Buzyn: ministro da Solidariedade
Francoise Nyssen: ministra da Cultura
Murielle Pénicaud: Ministro do Trabalho
Jean-Michel Blanquer: ministro da Educação
Jacques Mézard: ministro da Agricultura e da Alimentação
Gérald Darmanin: ministra da Ação e das Contas Públicas
Fredérique Vidal: ministro do Ensino Superior, da Investigação e Inovação
Annick Girardin: ministra das Províncias Ultra Marinas
Laura Flessel: ministra do Desporto
Elizabeth Borne: ministro dos Transportes
Marielle de Sarnez: ministro dos Assuntos Europeus
Os secretários de Estado:
Christophe Castaner (porta-voz do governo nas relaçõpes com o Parlamento), Marlène Schiappa (igualdade de mulheres e homens), Sophie Cluzel (pessoas com deficiência) e Mounir Mahjoubi (numérique)
Artigo em atualização