Jacinda Ardern recusa remuneração, mas aceita cargo para combater extremismo online
A antiga primeira-ministra neozelandesa foi nomeada pelo sucessor, Chris Hipkins, e vai assumir funções na Christchurch Call a partir do dia 17 de abril.
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Jacinda Ardern vai trabalhar na comunidade que ela própria e Emmanuel Macron criaram, depois do atentado terrorista contra uma mesquita, na cidade de Christchurch, e em que foram mortas 51 pessoas. O responsável pelo ataque, um supremacista branco, transmitiu tudo em direto na internet.
A Christchurch Call, criada dois meses depois do atentado, junta 55 países, entre eles Portugal, mais de dez empresas, como a Amazon, o Twitter, a Meta e a Microsoft, e 55 organizações da sociedade civil dos diversos Estados.
Ardern, representante da Nova Zelândia, vai partilhar presidência com a França para fazerem avançar as prioridades definidas na cimeira, que se realizou no ano passado. Entre essas prioridades estão o aumento do número de empresas fornecedoras de serviços online, que integram a Christchurch Call, e testar e melhorar os protocolos de resposta a emergências, coordenando melhor a partilha de informações.
Aumentar a compreensão da comunidade sobre a influência dos algoritmos no acesso a conteúdos radicais e terroristas, ouvindo os grupos que são mais afetados - mulheres, LGBTQI+ e minorias étnicas - é também uma das prioridades.
Chris Hipkins explicou, no comunicado da nomeação, que o atentado foi um momento decisivo para o país e para a liderança de Ardern, sendo a Christchurch Call uma resposta ao ataque.
"A Christchurch Call é uma prioridade da política externa para o governo e Jacinda Ardern está numa posição única para fazer avançar o objetivo de eliminar o conteúdo extremista online", disse o chefe de governo.
A antiga primeira-ministra vai assumir funções a partir de dia 17 de abril e terá de responder apenas perante Chris Hipkins.
Jacinda Ardern defendeu, esta terça-feira na primeira entrevista depois de ter saído do governo, que ainda tem um dever pessoal com a comunidade islâmica, atingida pelo atentado de 2019. A antiga governante acrescentou que aceitou a proposta do primeiro-ministro, porque tem tempo e a paixão necessários ao cargo, recusando qualquer remuneração.