Português que vive há 50 anos em Joanesburgo considera que se está a "dramatizar demasiado o que está a acontecer".
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O Portal das Comunidades emitiu, esta quarta-feira, um alerta dirigido à comunidade portuguesa que vive na África do Sul em que pede "precauções" devido aos confrontos que têm sido registados em Joanesburgo.
Várias lojas na África do Sul têm sido queimadas desde domingo, quando começou a onda de violência xenófoba que já causou sete vítimas mortais. Esta quarta-feira, a polícia ainda patrulhava as ruas de Joanesburgo, mas já considerava que a situação estava normalizada.
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A TSF conversou com Silvério Silva, um português que vive em Joanesburgo há mais de 50 anos e que garante que - apesar de estar em alerta - a comunidade portuguesa está em alerta está a fazer uma vida normal e sem sobressaltos.
"As pessoas estão normais, abrem e fecham os negócios à mesma hora e vão para casa. Estamos em alerta, há estradas que às vezes estão cortadas e temos de ir por outras, mas chega-se ao destino", garante. Silvério Silva considera, por isso, que se está a "dramatizar demasiado o que está a acontecer".
Regressar a Portugal é algo que não lhe atravessa a mente quando pensa nestes confrontos: "Vivo isto há 50 anos, nunca se deu nada de grave aqui, felizmente."
O que está, então, na origem destes confrontos? Silvério Silva fala numa guerra de culturas e explica que os sulafricanos se sentem inferiores a quem chega ao país vindo de fora e consegue abrir negócios.
"Os nacionais deste país não se sentem confortáveis. Os outros vêm de países vizinhos e tiram negócios aos nacionais. Os que vêm de fora têm outras condições que os daqui não têm. Por isso, revoltam-se contra os que vêm do Paquistão, Bangladesh ou Nigéria e que roubam o poder aos locais. É uma luta entre culturas diferentes", conclui.