O eurodeputado comunista, João Oliveira, visitou um dos centros de acolhimento e, à TSF, afirma que o "há uma discrepância absoluta entre aquilo que é a capacidade de acolhimento e as disponibilidades que existem, não apenas de infraestruturas".
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O eurodeputado do PCP, João Oliveira, afirma que as Canárias "estão transformadas numa prisão a céu aberto" e que os centros de acolhimento de migrantes menores no arquipélago espanhol estão sobrelotados.
"É, de facto, um retrato muito dramático da situação que se vive nas Canárias. Aliás, utilizando até as palavras do presidente do cabildo da Gran Canária, dizia ele que as Canárias estão transformadas numa prisão a céu aberto. E isto é, de facto, talvez o exemplo mais evidente de que as políticas de contenção dos migrantes e de retenção dos migrantes nas fronteiras legais, ou nas fronteiras físicas, como é este caso destas ilhas, não é solução para ninguém", considera, em declarações à TSF, o eurodeputado comunista que visitou esta quarta-feira um centro de acolhimento de menores não acompanhados nas Canárias.
Para João Oliveira, "nem é solução para os territórios que acolhem os migrantes, nem é solução para os próprios migrantes que procuram outros destinos que não que não estes locais intermédios". O comunista afirma que "a situação dos menores é verdadeiramente cortante".
"Há, neste momento, 82 centros de acolhimentos de jovens nas Canárias. E se as regras legais e administrativas fossem cumpridas devia haver 300. Este centro em concreto tem tido uma ocupação variável. No dia em que fizemos esta visita tem à volta de 180 menores e foi concebido para 70", explica.
Mas o problema não está apenas nas infraestruturas: "Há uma discrepância absoluta entre aquilo que é a capacidade de acolhimento e as disponibilidades que existem, não apenas de infraestruturas, mas também dos meios que são associados a isto, porque o centro de acolhimento não são só as paredes físicas. São os assistentes sociais, são os psicólogos, são os professores, é o conjunto de técnicos que trata, por exemplo, das questões relativas à documentação. Um conjunto de necessidades muito significativas que naturalmente não conseguem ser correspondidas pela pressão que neste momento existe."
O eurodeputado comunista considera que mais do que construir novos centros de acolhimento é essencial dar respostas a estes menores para que possam reencontrar as famílias que eventualmente estejam na Europa ou dando apoio para que possam construir uma vida.
Já esta quarta-feira de manhã, antes da visita, João Oliveira tinha dito à TSF que se vive "uma situação dramática" nas Canárias.
"Ouvíamos ontem [terça-feira] o relato de dois irmãos, um com 16 anos e outro com 14, que foram separados cada um para a sua ilha. A ilha para onde foi o mais velho não tinha capacidade para poder ter lá o mais novo também. A gestão que foi feita foi separar dois irmãos", contou.