O Secretário de Estado norte-americano lamentou a demissão do primeiro-ministro palestiniano e apelou aos palestinianos para que encontrem «a pessoa certa» para assumir o «difícil cargo».
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Salam Fayyad demitiu-se no sábado à noite, tendo entregue o pedido escrito ao Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, no decorrer de uma audiência de meia hora na residência oficial.
O pedido resulta de uma relação tensa entre o primeiro-ministro demissionário, que se mantém no cargo até ser encontrado o seu substituto, e o presidente Abbas, que mantinham divergências desde a demissão, a 02 de março, do ministro das Finanças palestiniano Nabil Qassis, aceite por Fayyad e recusada por Abbas.
Há dias atrás Kerry visitou a Palestina e Israel, numa tentativa de delinear os contornos de um novo plano de paz, e hoje, em Tóquio, onde se encontra sobretudo para discutir a crise da ameaça nuclear norte-coreana, lamentou a saída do interlocutor palestiniano , que considera "um bom amigo".
«Se eu teria preferido que ele não se tivesse demitido? Claro, porque teríamos continuidade», disse Kerry aos jornalistas que o acompanham na sua viagem de 10 dias, referindo-se a Fayyad não só como «um bom amigo", mas alguém que "marcou uma enorme diferença».
No entanto, sublinhou que «para se ser um Governo viável, é preciso ter mais do que uma pessoa com a qual se possa negociar», acrescentando que os Estados Unidos vão continuar a trabalhar neste assunto e que esperam que Abbas encontre «a pessoa certa» para trabalhar numa transição e para continuar a trabalhar com os norte-americanos.
Kerry adiantou ainda que recebe na segunda-feira à noite o enviado especial do Quarteto para o Médio Oriente, o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair.
Obama disse na passada semana, depois de receber o secretário-geral das Nações Unidas na Casa Branca, que acredita que está criada "uma janela de oportunidade" para retomar o processo de paz no Médio Oriente.
Hoje, Kerry reforçou a ideia, dizendo no Japão que acredita que ambas as partes estão empenhadas em avançar no processo, ressalvando que há ainda muito trabalho a fazer.
Quanto ao substituto de Fayyad no cargo de primeiro-ministro, a agência noticiosa espanhola EFE refere hoje nomes de personalidades tidas como candidatos possíveis à pasta, entre eles o economista Mohamed Mustafá, diretor do Fundo de Investimentos Palestiniano, e do empresário Mazen Sonokrot, ex-ministro da Economia, e Rami Hamdala, presidente da Universidade A Najah de Nablus.
Depois de nomeado, o novo primeiro-ministro contará com um prazo de três semanas, prorrogáveis por mais duas, para formar o seu executivo.