Faz esta quarta-feira dez anos que Jonas Savimbi, o líder histórico da UNITA que deu luta aos portugueses e depois travou um duelo sangrento com o MPLA, uma guerra longa que deixou feridas ainda em aberto em Angola.
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Em declarações à TSF, Herman Cohen, que dirigiu a pasta dos assuntos africanos na administração norte-americana e que foi o diplomata principal no relacionamento com Angola entre 1989 e 1993, disse que «Savimbi era um verdadeiro africano e era respeitado por todo o continente como um líder do povo africano».
«Era uma pessoa muito autoritária. Acreditava que estava destinado a liderar Angola e que era o verdadeiro líder do povo angolano. Por isso, não podia parar de lutar enquanto não fosse esse líder. Quando perdeu a eleição de 1992, não pôde acreditar que as pessoas não votaram nele e considerou automaticamente que tinha sido uma eleição fraudulenta», recordou.
O diplomata norte-americano recordou ainda um guerrilheiro africano paranóico em relação aos inimigos, mas que era capaz de seduzir na alta roda da política.
«Era encantador, capaz de falar com presidentes, primeiros-ministros... Lembro-me de um dia que esteve aqui em Washington, em 1990. Estávamos próximos de conseguir paz em Angola e cooperávamos com a União Soviética, que apoiava o MPLA. Savimbi foi convidado para reunir com o embaixador soviético. Quando lhe disse que o embaixador o convidava para um chá, ficou muito preocupado e inseguro. Dizia que lhe iam dar veneno que o mataria passado dois meses... Era muito paranóico em relação aos inimigos», disse.