O editorial do Jornal de Angola justifica na edição de hoje o anúncio feito terça-feira, em Luanda, por José Eduardo dos Santos sobre o fim da parceria estratégica com Portugal.
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Intitulado «A Nação é assim», o editorial diz que o Presidente angolano «não hesitou» e anunciou ser necessário «ponderar a cooperação estratégica com Portugal», onde diz que «são cozinhadas todas as campanhas contra a honra e o bom-nome de altas figuras do Estado» [angolano].
Dedicado ao discurso proferido por José Eduardo dos Santos no parlamento, sobre o Estado da Nação, o editorial do único diário angolano refere que em Portugal é reconhecidamente «impossível impedir o Ministério Público de violar gravemente o segredo de Justiça».
«Se num país democrático, num Estado de Direito, os criminosos são impunes e podem caluniar e desonrar altas figuras do Estado angolano, então não há condições para prosseguir uma parceria estratégica. Se em Portugal titulares do poder judicial podem violar o segredo de Justiça para desonrar os nossos legítimos representantes, à boa maneira colonialista, então o melhor é os responsáveis políticos assumirem com coragem que Portugal não tem condições para se relacionar, de igual para igual, com Angola», acentua-se no editorial.
Na primeira página, as relações com Portugal são igualmente referenciadas, e sob uma foto de José Eduardo dos Santos a dominar metade do espaço disponível, o Jornal de Angola considera que a declaração do Presidente angolano «teve ecos além-fronteiras e especialmente em Lisboa, na capital de um país em crise profunda e, por isso, muito sensível às relações com o mundo exterior, de onde vêm as ajudas».