Jornal egípcio contra-ataca com olhar satírico sobre modo como o Islão é retratado
A tensão provocada por um filme anti-islão, divulgado no YouTube, levou uma revista francesa satírica, a Charlie Hebdo, a publicar recentemente novas caricaturas de Maomé. Em resposta, um jornal egípcio laico deu à estampa, esta semana, um conjunto de cartoons que ironiza com o olhar que o Ocidente lança sobre o Islão.
Corpo do artigo
Na guerra do olhar, quem tem óculos pode ser rei. Um dos 13 cartoons tem como legenda "Os óculos ocidentais para o mundo islâmico". Um par de óculos a lembrar o 11 de Setembro, com o desenho das torres do World Trade Center a arder em cada uma das lentes.
Veja aqui os cartoons.
Num outro cartoon aparecem dois árabes, lado a lado, um deles com um ar sereno e o outro enraivecido, com os dentes cerrados, a longa barba eriçada e numa das mãos uma faca cheia de sangue.
Para o rosto deste homem está apontada uma lanterna que parece a lanterna oficial norte-americana porque no cabo tem desenhada a bandeira dos Estados Unidos.
No Egito, o jornal laico Al-Watan costuma assumir uma linha crítica em relação à Irmandade Muçulmana do presidente Mohamed Morsi.
A BBC conta que os leitores gostaram dos cartoons, chegando mesmo a agradecer ao jornal pela resposta civilizada ao semanário francês Charlie Hebdo. Nos comentários deixados no site, os leitores ficaram satisfeitos com a ideia de confrontar pensamentos com outros pensamentos.
Mas a guerra dos cartoons está longe de ter chegado ao fim. Esta semana, o Charlie Hebdo volta à carga e chega às bancas com duas edições.
Numa a capa está em branco e tem apenas escrito "jornal responsável". Já a outra assume-se como a edição normal e tem na capa "jornal irresponsável", depois de ter sido acusado de atirar lenha para a fogueira ou "óleo para o fogo", na expressão francesa.
O Charlie Hebdo fala na invenção do humor e na capa traz um homem das cavernas que numa das mãos segura o óleo e na outra o fogo.