Jornalista de El Salvador detido há mais de um mês nos EUA apesar de todas as queixas terem sido retiradas

Um jornalista natural de El Salvador está há mais de um mês detido numa prisão norte-americana apesar de todas as queixas contra ele terem sido retiradas.

Mário Guevera, que vive há mais de 20 anos nos Estados Unidos da América, foi detido quando transmitia em direto as manifestações que marcaram o dia de aniversário de Donald Trump, a 14 de junho, quando os norte-americanos gritaram que não queriam um rei. A detenção ocorreu em Atlanta e nem o capacete e o colete pretos identificados com a palavra "press" impediram que fosse algemado e estivesse preso até hoje, apesar de todas as acusações terem caído.

O Comité para a Proteção dos Jornalistas considera que Guevara é o único repórter preso nos EUA pelo simples facto de estar a trabalhar, enquanto o advogado diz que este caso mostra, pela primeira vez, aquilo de que é capaz o poder absoluto.

Mário Guevara vive na região de Atlanta desde 2004. Chegou aos EUA com visto de turista, depois de ter fugido do país onde nasceu por ter sido atacado durante uma manifestação organizada pela Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, um antigo grupo guerrilheiro salvadorenho.

Aterrou nos Estados Unidos acompanhado pela mulher e pela filha e pediu asilo político, tendo começado imediatamente a trabalha para vários meios jornalísticos em língua espanhola. O pedido de asilo foi recusado apenas em 2012 e o tribunal deu-lhe ordem de deportação, mas a defesa recorreu e ganhou o caso, mantendo Mário Guevara nos EUA com autorização para poder trabalhar.

Desde então, o jornalista dedicou-se às questões da imigração, nomeadamente proveniente de países latinos, em Atlanta, no estado da Geórgia. Foi o único a notar que, durante a administração Obama, as detenções não fundamentadas de imigrantes triplicaram. Denunciou casos, falou com as famílias dos detidos e tornou-se conhecido por esse trabalho.