A jornalista escreveu tweets críticos do presidente turco Recep Tayyip Erdogan. "Polícia à porta. Não é brincadeira", avança a France Press.
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Ebru Umar é uma conhecida jornalista ateia e feminista de origem turca.
Umar, 45 anos, escreveu recentemente um artigo muito crítico de Erdogan para o diário holandês Metro, do qual publicou depois vários extratos no Twitter, o que levou à sua detenção.
"Não sou livre", disse num segundo tweet, antes de sair de sua casa em Kusadi, uma cidade balnear na costa oeste da Turquia.
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Os administradores do blogue holandês Geenstijl escreveram ter recebido uma mensagem sms de Umar a indicar que ela seria presente a um juiz na segunda-feira de manhã e que tinha sido detida depois de alguém ter denunciado os seus tweets numa linha oficial de alertas criada pelas autoridades turcas.
Entretanto, o "hashtag" #freeebru [libertem Ebru] está a fazer furor nas redes sociais na Holanda, com políticos e comentadores holandeses a reclamarem a libertação da jornalista.
O próprio primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, anunciou num tweet ter tido "contato @umarebru na madrugada de domingo. A nossa embaixada está em estreito contacto com ela para assistência".
O ministro holandês da Educação, Jet Bussemaker, considerou em declarações ao canal de televisão WNL ser "absurdo que alguém possa ser preso por causa de um tweet".
O Ministério holandês dos Negócios Estrangeiros disse à AFP que está a acompanhar de perto o caso e que está em contacto com as autoridades na Turquia.
Umar, que terá decidido tornar-se jornalista sob a influência de Theo van Gogh -- um realizador holandês assassinado na sequência da realização de Submission (2004), um filme em que critica o tratamento das mulheres no Islão -- escreveu para o Metro sobre um incidente diplomático entre a Turquia e a Holanda.
A semana passada viu nascer uma tempestade política desencadeada por um email do consulado turco na Holanda dirigido às organizações turcas no país, pedindo o reencaminhamento de quaisquer emails ou publicações nas redes sociais em que identificassem insultos a Erdogan ou à Turquia.
O primeiro-ministro Mark Rutte disse que iria pedir esclarecimentos a Ancara e o consulado fez saber através de uma nota que atribuía a responsabilidade do email a um funcionário, que usou "uma escolha de palavras infeliz" que foram mal interpretadas.
O caso tinha como contexto a indignação levantada na Alemanha depois do Governo alemão ter dado luz verde às autoridades judiciais para, na sequência de uma queixa-crime da Turquia, iniciarem procedimentos criminais contra Jan Boehmermann, um cómico popular no país, por escrito um poema satírico sobre Erdogan.
Os julgamentos na Turquia por insultos a Erdogan têm-se multiplicado desde a sua eleição para a presidência em agosto de 2014, e ascendem quase a 2 mil o número de processos abertos.
Em setembro de 2015, a jornalista freelance holandesa Frederike Geerdink foi deportada da Turquia depois de ter sido detida durante confrontos entre apoiantes do Partido dos Trabalhadores do Kurdistão (PKK) e as forças de segurança turcas.
Essa foi a segunda vez que a jornalista foi detida: em abril do mesmo ano, Geerdink foi julgada, e absolvida, de acusações de divulgar "propaganda terrorista" do PKK.
"A pensar na jornalista @umarebru, agora presa numa esquadra da polícia em #Kusadasi. Vergonha absoluta", escreveu hoje no Twitter Frederike Geerdink.