Primeiro relatório oficial turco sobre a morte do jornalista fala em homicídio premeditado.
Corpo do artigo
O jornalista saudita Jamal Khashoggi foi estrangulado logo à entrada para o consulado do seu país na Turquia.
A conclusão é do procurador-geral de Istambul, Irfan Fidan, que acrescenta que o corpo foi depois desmembrado num ato de homicídio voluntário, avança a Associeted Press.
Este é o primeiro comentário oficial da Turquia ao assassínio do jornalista, depois de a Arábia Saudita ter dito que se tratou de uma morte acidental na última versão de uma história cheia de contradições e volte-face.
O plano inicial era convencer Jamal Khashoggi a regressar a casa, disseram responsáveis do país na semana passada, na terceira versão avançada pela Arábia Saudita.
Se Khashoggi recusasse, dizem, seria drogado e levado para uma casa segura em Istambul onde ficaria durante 48 horas e depois libertado. No entanto, o jornalista ficou agitado, tentou resistir, foi agarrado pelo pescoço e acabou por morrer.
A Turquia está a trabalhar em cooperação com a Arábia Saudita na investigação do caso, mas procurador turco, Irfan Fidan, diz que a discussão com procurador saudita, Saud al-Mojeb, não originou "conclusões concretas".
Saud al-Mojeb terminou esta quarta-feira uma visita de três dias a Istambul durante a qual visitou o consulado do seu país e se reuniu com Irfan Fidan e outros responsáveis turcos.
Fonte de topo ligada ao caso disse à AFP que os oficiais sauditas se mostraram "sobretudo interessados em conseguir as provas" que a Turquia possui "contra os autores do assassínio", mas que não demonstraram "pressa em cooperar sinceramente na investigação".
A Turquia quer que os 18 suspeitos do assassínio detidos na Arábia Saudita sejam extraditados para os julgar. Tem também pressionado Riade para divulgar informação sobre o local onde se encontra o corpo do jornalista crítico do regime saudita e sobre quem ordenou a sua morte.
A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos defendeu esta terça-feira a participação de especialistas internacionais no inquérito.
Os restos mortais de Jamal Khashoggi foram encontrados no jardim da casa do cônsul geral da Arábia Saudita, em Istambul, na Turquia.
A Arábia Saudita acabou por admitir que o jornalista foi morto nas instalações do consulado saudita em Istambul numa operação "não autorizada", depois de, durante 18 dias, as autoridades sauditas terem garantido que Khashoggi saíra vivo do consulado onde entrou a 2 de outubro.
O jornalista saudita de 60 anos, que colaborava com o jornal The Washington Post, estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do regime de Riade.